A DESINTEGRAÇÃO DA MORTE -
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Pertenço, orgulhosamente, à Academia Guaçuana de Letras, de Moji Guaçu-SP- (AGL) - da qual sou membro fundador, lá se vão mais de treze anos! Todos nós os membros temos um patrono, que obrigatoriamente já deve ser falecido (uma homenagem póstuma) devendo ser escritor brasileiro. Por lá desfilam nomes de gigantes da literatura nacional: Cora Coralina, Mário Quintana, Carlos Drumond de Andrade, Clarice Linspector, Cecília Meireles, Monteiro Lobato, João Guimarães Rosa, Vinicius de Moraes, Augusto dos Anjos e muito mais. Todos os gêneros da literatura. Também foi patrono de um nosso membro um musicista-cantor-poeta. Além do Imortal da AGL, Carlos Cesar, o grande cantor sertanejo (Quem não se lembra da canção, Carreiro Vai, Carreiro Vem...). Adiantando-me, meu Patrono, para minha grande honra é ORÍGENES LESSA, jornalista de origem, foi um de nossos maiores romancistas, contista, ensaísta, novelista e tantos outros gêneros, e a Cadeira a ele destinada como patrono é a de nº cinco, a qual ocupo. Mais abaixo citarei algumas de suas obras. Portanto diletos amigos deste blog, as portas estão abertas para todos aqueles que amam a literatura, mesmo que não tenham escrito nenhum livro (é uma das primeiras perguntas que nos fazem, ou não pergunta, afirmação - "Mas eu não escrevi nenhum livro!!". E daí, ama a literatura? Está dentro! É só ser indicado por um membro com aprovação de assembléia geral.
Basta amigos que gostem de escrever, seja qualquer dos gêneros expostos acima, ou todos. Não ganhou nenhum concurso? Mas vai ganhar. Os membros da AGL, vira e mexe estão sendo premiados até em cidades que a maioria não sabe onde fica. Mas o membro se inscreveu e faturou o prêmio: em qualquer modalidade, lógicamente exerce-se os gêneros mais próximos de nós: a poesia, poema, o conto, incluído o infanto-juvenil, a crônica o romance.e a dramaturgia, o cordel e eventualmente outras modalidades.
Isto posto, quero "prosear" (termo muito usado pelo meu pai) que difere todos sabem da poesia, portanto não vou poetizar - o que deixo para meus colegas poetas e nem "poemizar", que é aquilo que às vezes faço, pegando um texto e vestindo-o com as roupas de gala da poesia, sem brindar os leitores com as maravilhas da rima. Mas acaba ficando sonoro, e tenho com satisfação qualificados retornos. Outra feição que gosto de dar aos textos - e nisto me enquadro - são os andares do conto envolto em parábolas, fábulas e metáforas. Como foi dito, e ainda não fiz, vamos prosear a respeito do título deste artigo: A DESINTEGRAÇÃO DA MORTE, de Orígenes Lessa.
A DESINTEGRAÇÃO DA MORTE - Orígenes Lessa, l948, atualíssimo ainda, traz como personagem principal um cientista que acaba com a morte (a desintegra) tornando todos imortais. A ausência dela, provoca as mais diferentes transformaçãoes no comportamento das pessoas: o Ódio, a Vingança o desejo de Assassinar o concorrente.
Caem todas as máscaras: religiosas, empresariais; bélicas a de medicamentos e políticas. O autor propõe que os valores da sociedade estão assentados na morte. Sem ela a humanidade seria outra.
O não existir da morte causa, por exemplo, a perda da clientela do mercado de cemitérios e funerárias, a de flores sentiria um tremendo abalo. Perdas incalculáveis na indústria da guerra (armamentos) a perda de trilhões dos magnatas das indústrias de medicamentos, hospitais, médicos, floriculturas - já frisadas - e da saúde em geral. Todos fecham as portas. Bilhões de desempregados no mundo. O cientista só não eliminou as necessitadas pessoais intrínsicas do humano por exemplo: a fome, fator agravante à imortalidade dos homens, que depredam, matam, destroem e roubam para comer. Ninguém tem dinheiro.
Ao final começam a surgir cultos a ídolos que os façam ver a glória da morte, por não mais suportarem ver desfilar diante de seus olhos os horrores do desemprego e da fome que os tortura diariamente. Passam a erigir imagens a Hitler, Mussolini, Stalim. Mao Tsé Tung, Nero, Calígula. Estes sim trouxeram felicidade à humanidade, com os milhões que Hitler livrou do sofrimento da vida, Mussolini e os demais mereciam o culto de seus agora fiéis, que julgavam-no incompreendidos pela sociedade que os execrou.
Um painél trágico? Não nos prende (a ficção), a uma inversão imaginável, da correnteza da vida real com a morte presente? É um tema que Orígenes deixou para sua posteridade comentar e debater. O Criador errou em algum momento da criação? A morte é uma execração a Deus? A genialidade de Orígenes no legou estas enquetes.
Como prometi, alguns títulos de autoria de ORÍGENES LESSA : O Feijão e O Sonho - virou novela da globo; A Escada de Nuvens, Parada De Lucas, Memórias de Um Cabo de Vassoura, Se Meu Fusca Falasse e tantos outros que só vale a pena ler.
Mauro Martins Dos Santos - Membro da AGL - ///Stºs