Construtores
da vida
Por mais que gostemos da vida no corpo físico, um dia,
todos morreremos, isto é fato.
Morrem os pobres e morrem também os ricos.
Foi assim que um dia aquele homem, que detinha
poder e muitas posses, foi habitar o além.
Foi recebido pelo benfeitor, encarregado de
conduzi-lo à sua nova residência.
Caminhavam calmamente por um lugar pitoresco,
com ruas calmas, um gramado extenso e grande variedade de árvores e jardins.
Ao passarem por uma das casas, o benfeitor
mostrou-a ao homem e lhe disse: "observe! Aquela é a casa de sua
cozinheira."
"Mas ela ainda não morreu",
respondeu o homem.
Sem dar nenhuma resposta, andaram por mais
algum tempo e o orientador mostrou outra casinha graciosa e disse: "essa é
a casa do seu jardineiro."
Ambas eram casas muito agradáveis. Simples,
mas aconchegantes.
Jardins com flores silvestres e pássaros
voejando e cantando por entre as borboletas que pousavam de flor em flor.
Discretos regatos com águas cantantes e
cristalinas cortavam os gramados verdes.
O homem estava muito animado, pois se seus
empregados teriam moradias tão agradáveis, o que não estaria reservado a ele,
um homem rico e poderoso?
Caminharam por mais algum tempo, quando o
benfeitor parou diante de um barraco, localizado numa área menos clara e quase
sem nenhum encanto.
Com um gesto gentil indicou ao homem sua nova
residência.
O homem teve um sobressalto.
Indignado perguntou ao orientador: "como
posso eu, um homem rico e possuidor de muitos bens, morar agora nesse barraco
caindo aos pedaços? Sem dúvida deve ser uma brincadeira!"
"Infelizmente não é, meu filho",
falou amavelmente o benfeitor.
E acrescentou: "todas as construções são feitas
com os materiais que vocês nos enviam diariamente enquanto estão na Terra. São
materiais invisíveis aos olhos físicos, mas firmes o bastante para construir um
recanto sólido aqui, nesse novo mundo. Cada gesto nobre, cada boa ação, cada
trabalho realizado com honestidade e desinteresse, são matérias primas
importantes aplicadas nos tesouros verdadeiros deste lado da vida."
"Mas
como saber disso, se ninguém me avisou enquanto estava na Terra?", objetou
o infortunado.
"Ora, meu filho, talvez você tenha
esquecido, mas há mais de dois milênios se ouve falar de um Homem chamado
Jesus, que orientou muito bem sobre essa questão, recomendando que se
construíssem tesouros no céu, onde nem a traça come nem os ladrões
roubam."
Pensativo e sem argumentos, o homem adentrou
seu mísero barraco, em busca de um mínimo de conforto para sua alma inquieta.
A parábola
nos conduz a riquíssimas reflexões.
-Nossos maiores tesouros são as virtudes.
-A compaixão,
a fraternidade, a solidariedade, a ternura, o afeto, são elementos importantes
na construção da beleza e da harmonia.
-A honestidade, a dignidade, a humildade, a
indulgência e a justiça, são virtudes essenciais para construções sólidas e
indestrutíveis.
-Assim sendo, vale a pena investir nesses
tesouros desde hoje, pois a imortalidade não é uma proposta para ser pensada
depois da morte, é uma realidade para ser vivida hoje.
— com Maria Izete Martins Batista.
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