sábado, 4 de fevereiro de 2012


RESPOSTA DE UM ITALIANO

"Que coisa entendereis por uma nação Sr. Ministro? É a massa dos infelizes? Plantamos e ceifamos o trigo, mas nunca provamos do pão branco. Cultivamos a videira, mas não bebemos do vinho. Criamos animais, mas não comemos a carne. Apezar disso, vós nos aconselhais a não abandonarmos nossa pátria? Mas é uma pátria a terra em que não se consegue viver do próprio trabalho?" (Um italiano emigrante ao Ministro de seu país, quando das emigrações em massa)

O ESCAFANDRO E A BORBOLETA

A mão é o consciente que vaza a armadura.
O arcabouço do escafandro que aprisiona a alma.
Qual alma se encerra nas grades de um corpo?
Tal corpo aprisiona os sonhos e os jardins.
Os jardins são sonhos que a mão busca tocar
A mão que rega, a mão que provê.
Que socorre e não vê.
Livre só olhos de ver, sem pernas de andar
Presenciar e não ser, querer e não poder
Pede o anjo: transfira essa dor a mim...

Além das flores está o jardim,
Que enfraquece a dor,Que tinge a flor,
Que mendiga o calor
De que lhe dá o amor.

A borboleta subconsciente,
Ainda livre e onisciente
Recorta o azul e oferece a cor.
Em meio aos "bips" do hospital
Jaz não um homem mas um vegetal...
A escrita, letra por letra, do vegetal que respira,
Pensa e o corpo não se move
Lhe correm lágrimas do olho que se vira
Quente filete líquido ao Anjo comove.
Vegeta em coma e a cada piscada, a Borboleta
Anota uma letra,
Uma coisa qualquer...
O Anjo-mulher
Seu amor lhe devota
Mais uma, centenas, milhares: sofre e anota
Ela agora o faz repousar, afaga-o com calma
Porque transformaram em obra finda
O que dizia cada piscada de uma alma
Anjos do céu ressoam trombetas
Esta pronta uma das mais lindas obras:
"O ESCAFANDRO E A BORBOLETA"
(Poema em louvor ao livro e ao filme verídicos "O Escafandro e A Borboleta")

*Mauro M. Dos Santos - Membro fundador da AGL - Academia Guaçuana de Letras -

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