E.E.Cummings
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NALGUM LUGAR ONDE NUNCA ESTIVE
Nalgum
lugar em que eu nunca estive
E.E.Cummings
Jul/2016
A Magia da
Poesia .
Desde 1999,
este projeto divulga poemas de grandes poetas sem erros ou falsas autorias.
Nalgum
lugar em que eu nunca estive, alegremente além
de qualquer
experiência, teus olhos têm o seu silêncio:
no teu
gesto mais frágil há coisas que me encerram,
ou que eu
não ouso tocar porque estão demasiado perto
teu mais
ligeiro olhar facilmente me descerra
embora eu
tenha me fechado como dedos, nalgum lugar
me abres
sempre pétala por pétala como a primavera abre
(tocando
sutilmente, misteriosamente) a sua primeira rosa
ou se
quiseres me ver fechado, eu e
minha vida
nos fecharemos belamente, de repente,
assim como
o coração desta flor imagina
a neve
cuidadosamente descendo em toda a parte;
nada que eu
possa perceber neste universo iguala
o poder de
tua imensa fragilidade: cuja textura
compele-me
com a cor de seus continentes,
restituindo
a morte e o sempre cada vez que respira
(não sei
dizer o que há em ti que fecha
e abre; só
uma parte de mim compreende que a
voz dos
teus olhos é mais profunda que todas as rosas)
ninguém,
nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas
( E. E.
Cummings, tradução: Augusto de Campos )
Somewhere i
have never travelled,
gladly
beyondsome where i have never travelled, gladly beyond
any experience, your eyes have their silence:
in your most raifl gesture are things which enclose me,
or which i cannot touch because they are too near
your slightest look easily will unclose me
though i have closed myself as fingers,
you open always petal by petal myself as Spring opens
(touching skilfully, mysteriously) her first rose
or if your wish be to close me, i and
my life will shut very beautifully, suddenly,
as when the heart of this flower imagines
nothing which we are to perceive in this world equals
the power of your intense fragility: whose texture
compels me with the color of its countries,
rendering death and forever with each breathing
(i do not know what it is about you that closes
and opens; only something in me understands
the voice of your eyes is deeper than all roses)
nobody, not even the rain, has such small hands
( E. E.
Cummings )
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