terça-feira, 28 de junho de 2016

A BORBOLETA DOURADA - Um mito ou um sonho...



A BORBOLETA DOURADA
Um mito, ou um sonho...

Mauro Martins Santos

Há um bosque encantado e profundo. Um mundo.
Um sagrado lugar distante...


Há um bosque encantado e profundo.
Um mundo.
Um lugar distante
Radiante.
Caminho do poente, indefinido
Contido,
Triste e choroso lamento...
Lento
Tormento,
Sempre na busca do pôr do sol.



Os raios do sol refletem asas de borboletas;
Violetas
Entre nesgas de nuvens douradas
Aladas;
A verem deste bosque - caminho do poente
Dolente,
Das mais profundas lembranças...
Dança
De douradas asas sempre recorrente,
Intermitente
Sonho... Rodopiava sempre...
Contente



E eu a via, e esta tormentosa visão me seguia,
Via
Seu dourado rebrilho de encanto e seguia...
Seguia
Sempre rumo ao poente, meu poente...
Pedras do caminho - ah, o Tempo nublando,
Tornando
Bassa a visão que tecem as coroas,
Ornadas de fios de sóis e, da asa dourada
Da encantada
Borboleta que atravessou minha vida,
Querida... minha querida...




Constelam, estrelam os flavos rebrilhos
Rastilhos de nós...
Ah, pedras que choram já de tensa saudade;
Verdade
Que digo: - Saudade de algo que não existe?
Triste,
Não a esperava, e tão de repente ela surgiu.  
Assumiu
O encanto e por aqui volátil passou.
Pousou

Nas pedras deixou um rastro de saudade.
Piedade
Oh, pedras que choram por um fulgor de encanto,
No entanto,
Por espanto, ora é borboleta de belo fulgor,
Ora é flor...

Quero-te borboleta, minha dourada flor,
Ardor de um pôr do sol. - Alguém a viu passar
Caminhar ou voar?
Delirar
Já começo - ora, sou um caçador solitário,
Solidário
Em olhar o dossel das altas ramagens,
Folhagens



Em fúlvidas chamas.  
Eu de rede na mão a vagar, ela a voar
E voar...
O desvario que transmudou em chama,
Inflama
O coração! Faz de mim só esperança, com asas de ouro,
Douro
A rosa- flor nas asas da saudade, tão apenas,
um esgar de carinho deixou!
Ficou
O vazio do amor, e as pedras que choram...



Continuo seguindo o ímpeto natural para o dolente
Poente
A declinar-se na distância feita de restos de esperança:
Trança
De tramas e de fios flamejantes,
Cortantes,
Constantes,
De longa espera...
Quisera
Que ao solver dos anos, eu, caçador de borboletas,
Historietas
Povoadas de fadas ouvisse - a acalentar meu cansaço.
Fracasso
É o laurel da velhice nas coisas do amor:
Flor
Que és agora, borboleta serás ao após;
Pós
De estrelas, vêm num acalanto fazer-me menino,
Pequenino:
Era uma vez... Uma fada-borboleta dourada de olhos azuis...




Sou de fato um tolo a crer há um século em mim mesmo... 
e, nos olhos azuis da fada
encantada
Tão ontem mesmo por mim
encontrada.
Nesta selva em vão procuro, teus cabelos
dourados,
Alados olhares de fada de sóis bem
trançados.
Olhos que ao me fitarem invadem e leem minha alma
Medo de almejá-la e
Perdê-laSem ao menos
Tê-la...
Mas fazendo-se já escuro, o que é que
procuro?
Escuro
Faz-se o Tempo que desfaz todas as
horas:
Demoras
Mais duras - clama no silêncio, esperançoso
peregrino
Destino,


Chamo-te a mim - já não me dou a correr;
não mais...
Mas,
Já o tempo flui, não venço mais
correr
Dá-se-me
sofrer
Oh, dourada fada-borboleta, és
flor-amor-calvário...
Fabulário
De dores e de penas!



 Esta, que se trasmuda em
borboleta-saudade-flor,
Dor...
Também inevitável
De um amor
inalcançável,
Visível,
Mas torturante por tornar-se
intocável.
- O Tempo que flui, não vai deixar que
a Vida
Sua serva, consiga alcançar-te,
querida.

Buscar
 Pela vida - viajando sem mim,
Assim,
Do vazio de ti,
borboleta-flor
Fada-mulher que encerras o
Amor,
Continuas teu destino a voar...
Voar...!


A buscar
Eu estou - o poente da estrada
Predestinada,
Ao extremo da estrada o poente

Do caminho o Fim...!




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