segunda-feira, 4 de abril de 2016

PISCAR DE PIRILAMPOS



PISCAR DE PIRILAMPOS


Sinto-me cansado,
Junto à insônia já me faltam as palavras mais
Bem ditas.
Adormeço aos goles de palavras em dissabores,
De tanto sentir a sempre presente ilusão
Mal dita;
Não tenho em minha mente os então sabores
Já não sinto mais vida que é vida em meu corpo
Trasladado a um mundo doloroso de piscar de luzes
De auras oftálmicas.
Abro os olhos e entre piscar de pirilampos vejo teu rosto
Que ri...
E o meu soluça...
Visto que meu cismar em pensamento constrói
O que tu entre sorrisos consoantes e vogais eleva
Um doce e mortal vagalhão que se me arrebata e destrói.
Essa mescla incongruente de  veracidade e Intocabilidade 
Inatingível, que tu genialmente a si perfaz;
Ferindo toda a lógica e razão de tantas frases feitas e refeitas,
E as que ficam por dizer...
Já que não as consigo escrever...!

O outono ao arrebatar as folhas, as leva para longe;
As minhas, no entanto, são folhas de papéis,
Escritas de forma a não as conseguir reescrever...
Faltam-me as forças...
Aquelas quando a pena, às duras penas,
Começa a tremer.
O meu coração soluça ao vê-las, ao rebrilho do sol
No mais alto cimo dos mais elevados dosséis.
A Vida é feita de incompletudes...
De longas estradas, e sendo longas:
São de várias e longas estradas...
Encruzilhadas rurais e de urbanas almas
Vagantes nas noites caladas
Estradas e calçadas...
Repletas nas duas margens, de nada!

Tento explicar esta dor sofredora
Que invade minha alma, sabendo que és tu causa e efeito
Princípio e consequência, sanidade e demência...
A lúcida visão é esta, única à luz da razão:
Tu és a personificada Mentira, 
A mais recalcitrante e pérfida Ilusão.

Para afastar os dias tempestuosos entrego minha alma à poesia,
As remeto ao tempo e ao vento sazonais, na cálida esperança,
De que em algum lugar nem longe nem perto de mim,
Nem futuro nem presente,
Alguém de repente
As possa ler... Assinado assim:


Um poeta,
Que se julga ser!

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