Nelson Sargento completa 90 anos e volta
a vestir farda que lhe rendeu apelido
Pedro Zuazo
Nos anos em que serviu ao Exército, de 1945 a 1949, Nelson Mattos foi repreendido uma única vez: quando saiu de uma noitada e foi direto se apresentar no quartel. “O sargento transpôs o portão das armas sobraçando um violão”, registrava o boletim de ordem e disciplina do dia seguinte. O episódio ficou marcado na memória do sambista. Por isso, foi com bom humor que Nelson Sargento topou vestir a farda que lhe rendeu o codinome, em comemoração aos 90 anos, que completa na sexta que vem.
— Aquela
repreensão me pendurou. Só consegui limpar depois de três anos — lembra o
baluarte da Mangueira que, em seu paiol de composições, dispõe de uma
artilharia pesada de mais de 400 sambas.
O
aniversário será comemorado com estilo. Primeiro, ele fará shows em São Paulo,
neste fim de semana. Depois, no dia 13 de agosto, sobe ao palco da Academia
Brasileira de Letras, ao lado de Monarco. Para fechar, Nelson será enredo do
desfile da Inocentes de Belford Roxo, no Carnaval 2015.
— É um cara
que merece todas as honras. Brinco que, depois do “Agoniza mas não morre”, ele
não precisa compor mais nada — diz Monarco.
Nelson, que
aos 8 anos já desfilava pelo Salgueiro e ainda adolescente começou a compor
para a Mangueira, não pensa em parar. Tem projetos de lançar um CD comemorativo
pelos 90 anos e um livro de partituras em braile.
-Não tenho pressa.
Tenho habeas corpus com
São Pedro até 2030! - diz o bamba.
Baluarte da Mangueira, Nelson Sargento comemora nove
décadas de vida e posa com farda do Exército Foto: Marcelo Martins
Talento nas artes plásticas
Batizado de
“Enciclopédia do Samba” por Beth Carvalho e coroado presidente de honra da
Mangueira, Nelson Sargento não é reconhecido só pelo samba. Os mais próximos
conhecem uma faceta pouco divulgada, mas bastante elogiada: a de artista
plástico.
“Fui pintor
de paredes por muito tempo, então, tintas nunca foram segredo para mim. Em 1973
arrisquei fazer um quadro e mostrei ao Sérgio Cabral, o pai. Ele disse que
estava bom e me mandou fazer mais.”
O trabalho
chamou a atenção de Moacyr Luz. Depois de compor, em parceria com Aldir Blanc,
a música “Flores em vida”, para homenagear o baluarte nos seus 70 anos, ele
convidou Nelson para um projeto diferente.
“Ele havia
pintado as paredes da casa do Cacá Diegues. Então, o convidei para ilustrar a
biografia fotográfica do cineasta” — conta Moacyr, sem medir elogios: — Nelson
é o último de uma linhagem.
Leia mais: http://extra.globo.com/tv-e-lazer/musica/nelson-sargento-completa-90-anos-volta-vestir-farda-que-lhe-rendeu-apelido-13312751.html#ixzz3wntYSy4U
Nenhum comentário:
Postar um comentário