Cora Coralina - Venho do século passado e trago comigo todas as idades
a quem o tempo muito ensinou.
Ensinou a amar a vida
e não desistir da 
luta,
recomeçar na derrota,
renunciar a palavras
e pensamentos negativos.
Acreditar nos valores humanos
e ser otimista.
Creio na força imanente
que vai gerando a família 
humana,
numa corrente luminosa
de fraternidade universal.
Creio na solidariedade humana,
na superação dos erros
e angústias do presente.
Aprendi que mais vale lutar
do que recolher tudo fácil.
Antes acreditar do que duvidar"
- Cora Coralina, in "Ofertas de Aninha", no livro 
Vintém de Cobre: Meias Confissões de Aninha, 6ª ed. Global Editora 
(1996). 
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| Cora Coralina (Aninha) | 
Em 25 de novembro de 1911 deixa 
Goiás indo morar no interior de São Paulo. Volta para Goiás em 1954, depois de 
45 anos.
“Sai desta cidade 
em 25 de novembro de 1911 e voltei 
em 22 de março de 1956. Deixei 
filhos, nora, genros, netos e bisnetos. A força da terra, das raízes que me 
chamavam eram mais fortes e sobrepôs a todos esses afetos familiares. 
Quando eu voltei, não tinha intenção de permanecer, tinha a intenção 
de matar saudades velhas e carregar saudades 
novas.”
- Cora Coralina, no Especial Literatura, TVE, 
1985.
Cora Coralina era chamada 
Aninha da Ponte da Lapa. Tendo apenas instrução primária e sendo doceira 
de profissão.
Cora Coralina não se filiou a 
nenhuma corrente literária. Com um estilo pessoal, foi poeta e uma grande 
contadora de histórias e coisas de sua terra. O cotidiano, os causos, a velha 
Goiás, as inquietações humanas são temas constantes em sua obra, considerada por 
vários autores um registro histórico-social do século XX.
Faleceu em 10 abril de 1985 em 
Goiânia.
“Quando 
escrevo, escrevo por um impulso interior que me vem do insondável que cada um de 
nós trás consigo. Mas uma coisa eu digo a você: ontem nós falamos nas pessoas 
que ainda estão voltadas para o passado. E eu digo a você: não há ninguém que 
não faça sua volta ao passado ao escrever. Nós todos fazemos. Nós todos 
pertencemos ao passado. Todos nós. Queira ou não queira. É de uma forma 
instintiva. Nós todos estamos ligados muito mais aos nossos avós do que aos 
nossos pais.”
- 
In: Cora Política Coralina, 1984.
CRONOLOGIA VIDA E 
OBRA DE CORA CORALINA
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| Cora Coralina, jovem. | 
1905 - Passa a freqüentar 
os saraus literários realizados na residência de um advogado da cidade, em que, 
sem revelar o nome do autor, lê publicamente seus 
poemas.
1907 - Tem pela primeira 
vez seus poemas publicados no jornal O Paiz. Trabalha como redatora do jornal A 
Rosa.
1910 - Publica seus primeiros poemas no jornal O 
Paiz e pela primeira vez utiliza pseudônimo Cora Coralina, que adota em toda sua 
carreira literária. Publica o seu primeiro conto "Tragédia na Roça" no 
Anuário Histórico Geográfico e Descritivo do Estado de Goiás .
1911 - Grávida, sai da 
cidade com Cantídio Tolentino de Figueiredo Brêtas, que havia sido 
designado delegado de polícia da Vila de Goiás nesse 
ano.
1912 - Instalam-se na 
cidade de Jaboticabal, interior de São Paulo.
1914 - Colabora no 
Jornal O Democrata, em que seu marido trabalha como redator. Em seus 
artigos faz reivindicações em favor dos pobres e idosos da cidade. Defende a 
criação da Escola de Agronomia de Jaboticabal.
1921 - Publica no jornal 
O Estado de S. Paulo o artigo "Idéias e Comemorações", elogiado pelo 
escritor Monteiro Lobato (1882 - 1948).
1923 - O casal adquire uma 
chácara onde a poeta passa a cultivar e comercializar flores. Colabora no 
jornal A Informação Goiana.
1925 - Viaja com o marido 
para São Paulo e oficializam o casamento. Em lua-de-mel, vão para o Rio 
de Janeiro.
1926 - Muda-se com a 
família para São Paulo.
1932 - Apóia a Revolução 
Constitucionalista e colabora no jornal O Estado de S. 
Paulo.
1934 - Morre seu marido e 
para sustentar a família abre uma pensão.
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| Cora Coralina | 
1937 - Muda-se para 
Penápolis, São Paulo, onde abre uma casa de retalhos e colabora no jornal 
O Penapolense.
1940 - Instala-se em 
Andradina, São Paulo, e inaugura uma casa de tecidos. Adquire uma chácara 
na vila Alfredo de Castilho e se torna lavradora. Pouco tempo depois 
adquire dois novos sítios, no primeiro passa a produzir algodão e o segundo 
destina ao aluguel para o descanso das boiadas que, vindas de Mato Grosso, vão 
para o Matadouro de Araçatuba. Colabora no periódico O Jornal da 
Região.
1954 - Vende seus bens de 
São Paulo para seu filho e retorna para a vila de Goiás, onde produz 
doces.
1959 - Conhece o advogado 
Tarquínio de Oliveira, que a estimula a publicar seus poemas por uma 
editora paulista, então aprende datilografia e passa a limpo suas 
poesias.
1959 - Em companhia de 
Tarquínio de Oliveira encontra-se com o escritor Antônio Olavo 
Pereira (1913), irmão de José Olympio e administrador de sua editora 
em São Paulo.
1976 - É homenageada 
pelo Grêmio Lítero-Musical Carlos Gomes, sediado em 
Goiânia.
1979 - Recebe carta do 
poeta Carlos Drummond de Andrade (1902 - 1987) enaltecendo-a como uma das 
grandes poetas nacionais. Os dois poetas passam a se corresponder 
freqüentemente.
1980 - No Rio de Janeiro, é 
homenageada como uma das dez mulheres do ano nas letras nacionais. 
Drummond publica um artigo elogiando seus poemas no Caderno B do Jornal 
do Brasil.
1981 - Como tributo a 
seu trabalho literário recebe o Troféu Jaburu, doado pelo Conselho de 
Cultura do Estado de Goiás.
1982 - É reverenciada, em 
São Paulo, no 1º Festival Mulheres nas Artes. E participa do recital em sua 
homenagem promovido pela Fundação Ação Social do Palácio do Governo de 
Goiás.
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| Cora Coralina | 
1984 - Torna-se membro 
da Academia Goiana de Letras. Recebe o grande prêmio de crítica da 
Associação Paulista de Crítica de Arte - APCA e o Troféu Juca Pato da 
União Brasileira de Escritores - UBE.É reconhecida como Símbolo 
Brasileiro do Ano Internacional da 
Mulher Trabalhadora pela FAO.
1985 - Morre no dia 10 
de abril, em Goiânia, e é enterrada na cidade de Goiás, onde é fundada a 
Casa de Cora Coralina, instituição que zela pela preservação de sua 
memória.
"A estrada da vida é uma reta marcada de encruzilhadas.
Caminhos certos e errados, encontros e desencontros
do começo ao fim.
Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina."
- Cora Coralina, "Exaltação a Aninha", Vintém de Cobre: meias
confissões de Aninha.
OBRAS PUBLICADAS DE CORA CORALINA - PRIMEIRAS EDIÇÕES
| Poemas de Cora Coralina | 
CORALINA, Cora. Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1965.
_______ . 
Meu Livro de Cordel. Livraria e Editora Cultura Goiana, 
1976, p. 93.
_______ . Vintém de Cobre: Meias Confissões de Aninha. UFG Editora, 1983, p. 195.
_______ . O tesouro da Casa Velha. [publicação póstuma]. São Paulo: Global, 1996.
_______ . Vintém de Cobre: Meias Confissões de Aninha. UFG Editora, 1983, p. 195.
_______ . O tesouro da Casa Velha. [publicação póstuma]. São Paulo: Global, 1996.
_______ . Vila Boa de 
Goyáz. [publicação póstuma]. São Paulo: Global, 2001.
Infantil e juvenil
CORALINA, Cora. Os Meninos Verdes. São Paulo: Global, 1986.
_______ . A Moeda de Ouro que um Pato Engoliu. [publicação póstuma]. São Paulo: Global, 1999.
_______ . O Prato Azul-Pombinho. [publicação póstuma]. São Paulo: Global, 2002.
"Entre pedras que me esmagavam levantei a pedra rude dos meus versos."
- Cora Coralina, in "Das pedras", Meu livro de cordel.
1962 - Cidadã 
Andradinense – Andradina-SP. 
1973 – Premio de 
Contribuição à cultura goiana – Literatura – UBE. Goiânia-GO.
1976 - Intelectual do Ano - Grêmio Litero Teatral Carlos Gomes, Goiânia-GO.
CORA CORALINA E A SEMANA DE 22
CORALINA, Cora. Os Meninos Verdes. São Paulo: Global, 1986.
_______ . A Moeda de Ouro que um Pato Engoliu. [publicação póstuma]. São Paulo: Global, 1999.
_______ . O Prato Azul-Pombinho. [publicação póstuma]. São Paulo: Global, 2002.
"Entre pedras que me esmagavam levantei a pedra rude dos meus versos."
- Cora Coralina, in "Das pedras", Meu livro de cordel.
CORA CORALINA - 
RECONHECIMENTO – HOMENAGENS, COMENDAS E PRÊMIOS.
1970 - Membro da 
Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás, 
Goiânia-GO.
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| Cora Coralina | 
1976 - Intelectual do Ano - Grêmio Litero Teatral Carlos Gomes, Goiânia-GO.
1977 - Membro da 
Arcádia Goiana de Cultura, Goiânia-GO.
1977 - Medalha Ana 
Néri – Sociedade Brasileira de Educação e Integração – São 
Paulo-SP.
1978 - Comenda do Mérito 
Anhanguera – Governo do Estado de Goiás, Goiânia-GO.
1978 - Medalha do 
Sesquicentenário da Fundação de Jaboticabal – 
Jaboticabal-SP.
1980 - Dez Mulheres do 
Ano, Conselho Nacional de Mulheres do Brasil, Rio de 
Janeiro-RJ.
1981 - Recebe o Troféu 
Jaburu, doado pelo Conselho de Cultura do Estado de Goiás, pelo seu trabalho 
literário.
____ 
. Medalha Veiga Valle, Organização Vilaboense de Artes e Tradições, 
Cidade de Goiás-GO.
____ 
. Expressão da Cultura, Academia Goiana de Letras e Fundação Projeto 
Rondon, Goiânia-GO.
1982 - Prêmio Fernando Chinaglia – UBE – Rio de Janeiro.
1982 - Prêmio Fernando Chinaglia – UBE – Rio de Janeiro.
____ 
. Sócio Honorário da Casa do Poeta Brasileiro, 
Santos-SP.
____ 
. Medalha Tiradentes, Governo do Estado de Goiás, 
Goiânia-GO.
____ 
. Medalha Antônio Joaquim de Moura Andrade, Câmara Municipal de 
Andradina, Andradina-SP e Serviço Social do Comércio, São 
Paulo-SP.
1983 - Recebe o título 
de doutora honoris causa, conferido pela Universidade Federal de 
Goiás.
____ 
. Mulher do Ano, Grêmio Litero Teatral Carlos Gomes, 
Goiânia-GO.
____ 
. É agraciada com a Comenda da Ordem do Mérito do Trabalho, conferida 
pelo presidente da República, João Baptista Figueiredo (1919 - 1999), por 
seus méritos na promoção da cultura goiana.
1984 - Recebe o Troféu Juca Pato, da União Brasileira de 
Escritores (UBE) e Folha de São Paulo, São Paulo.
![]()  | 
| Cora Coralina | 
____ 
. É reconhecida como Símbolo Brasileiro do Ano Internacional da Mulher 
Trabalhadora pela FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e 
Alimentação).
____ 
. Cidadã Jaboticabalense, Jaboticabal-SP.
____ 
. Cidadã Goianiense, Goiânia-GO.
____ 
. Grande Prêmio da Crítica – Associação Paulista de Críticos de Arte, São 
Paulo-SP.
____ 
. Membro da Academia Goiana de Letras, 
Goiânia-GO.
1985 - Personalidade do 
Ano - Literatura, Rotary Club de São Paulo, São Paulo-SP.
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| Cora Coralina, Lezio Junior. | 
CORA CORALINA E A SEMANA DE 22
“Eu só me libertei 
da dificuldade poética depois do modernismo de 22, mas não acompanhei o 
movimento. Não sei como – não posso explicar como - me achei dentro daquela 
mudança. Em primeiro lugar, poesia para mim é comunicação; em segundo lugar é 
invenção, porque só o gênio cria. Hoje nós temos que achar a poesia na realidade 
da vida e a vida toda é poesia.
Porque onde há 
vida, há poesia. Poesia para mim é um ato visceral. É um impulso que vem de 
dentro e se eu não obedecê-lo me sinto angustiada. (...) Todo o poeta é meu 
preferido. Gosto dos poetas de 22. Mas para mim o fundamental é a poesia que 
busque inspiração na realidade. Não suporto os poetas do imaginário que fazem 
sua arte do caracol das palavras.”
- Cora Coralina, Revista Análise, 1984, p. 
10-11.
A MÁQUINA DE 
ESCREVER
![]()  | 
| A velha máquina de escrever... | 
- Tarquínio J. B. de Oliveira – 
escritor, S. Paulo, 15 julho 60.
“O 
grande livro que sempre me valeu e que aconselho aos jovens, um dicionário. Ele 
é o pai, é tio, é avô, é amigo e é um mestre. Ensina, ajuda, corrige, melhora, 
protege. Dá origem da gramática e o antigo das palavras. A pronúncia correta, a 
vulgar e a gíria. Incorporou ao 
vocabulário todos os galicismos, antes condenados. Absolveu o erro e ressalvou o 
uso. Assimilou a afirmação de um grande escritor: é o povo que faz a língua. 
Outro escritor: a língua é viva e móvel. Os gramáticos a querem estática, 
solene, rígida. Só o povo a faz renovada e corrente sem por isso escrever 
mal.”
- Cora Coralina, in "Voltei", do 
livro 'Vintém de Cobre: meias confissões de Aninha' - 6ª ed. Global Editora (1996).
"Minha querida 
amiga Cora Coralina: Seu "Vintém de Cobre" é, para mim, moeda de ouro, e de um 
ouro que não sofre as oscilações do mercado. É poesia das mais diretas e 
comunicativas que já tenho lido e amado. Que riqueza de experiência humana, que 
sensibilidade especial e que lirismo identificado com as fontes da vida! Aninha 
hoje não nos pertence. É patrimônio de nós todos, que nascemos no Brasil e 
amamos a poesia ( ...)."
- Carlos Drummond de Andrade.
“Eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha 
da vida,
removendo pedras e plantando 
flores.”
| A poetisa e contista Anna Lins dos Guimarães Peixoto 
Bretas, a Cora Coralina, entre os frequentadores do Gabinete Literário Goiano  | 
CARLOS DRUMMOND DE 
ANDRADE E A PROJEÇÃO NACIONAL DE CORA CORALINA
A repercussão nacional veio com a 
publicação da segunda edição de Poemas dos Becos de Goiás, em 1978, pela 
Editora da Universidade Federal de Goiás. Um dos exemplares foi encaminhado ao 
poeta Carlos Drummond de Andrade, que, não possuindo referências sobre a 
poetisa, enviou uma carta* à universidade:
“Cora Coralina. 
Não tenho o seu endereço, lanço estas palavras ao vento, na esperança de que ele 
as deposite em suas mãos. Admiro e amo você como alguém que vive em estado de 
graça com a poesia. Seu livro é um encanto, seu verso é água corrente, seu 
lirismo tem a força e a delicadeza das coisas naturais. Ah, você me dá saudades 
de Minas, tão irmã do teu Goiás! Dá alegria na gente saber que existe bem no 
coração do Brasil um ser chamado Cora Coralina. Todo o carinho, toda a admiração 
do seu.”
- Carlos Drummond de Andrade, Rio de 
Janeiro, 14 de julho de 1979.
Aninha, 
respondeu:
“Carlos Drummond 
de Andrade. Meu amigo, meu Mestre. Com alguma demora no recebimento de sua 
Mensagem e maior da minha parte, vai aqui na pobreza deste papel de que só vale 
o branco, meu agradecimento àquele que de longe e do alto atentou para a pequena 
escriba, sem lauréis e sem louros, sem referências a mencionar. Sua palavra, 
espontânea e amiga, fraterna veio como uma vertente de água cristalina e azul 
para a sede
de quem fez longa 
e dura caminhada ao longo da vida. Abençoado seja o homem culto que entrega ao 
vento palavras novas que tão bem ressoam no coração de quem tão pouco as tem 
ouvido. Despojada de prêmios e de láureas caminha na vida como o trabalhador que 
bem fez rude tarefa, sozinho, sem estímulos e no fim contempla tranqüilo e ainda 
confiante a
tulha vazia. Meu 
Mestre. Meu Irmão. Que mais acrescentar? Eu sou aquela menina despenteada e 
descalça da Ponte da Lapa. Eu sou Aninha.”
- Cora Coralina. Cidade de Goiás, 02 
de setembro de 1979.
Essa carta foi à chancela para sua 
projeção nacional, consolidada com a Crônica “Cora Coralina, de Goiás”, publicada no Jornal 
do Brasil, transcrita na integra:
| Crônica "Cora Coralina, de Goiás - Drummond - JB. | 
“Cora Coralina, de Goiás. Este nome não inventei, existe 
mesmo, é de uma mulher que vive em Goiás: Cora Coralina. Cora Coralina, tão 
gostoso pronunciar esse nome, que começa aberto em rosa e depois desliza pelas 
entranhas do mar, surdinando música de sereias antigas e de Dona Janaina 
moderna. Cora Coralina, para mim a pessoa mais importante de Goiás. Mais que o 
Governador, as excelências parlamentares, os homens ricos e influentes do 
Estado. Entretanto, uma velhinha sem posses, rica apenas de sua poesia, de sua 
invenção, e identificada com a vida como é, por exemplo, uma estrada. Na estrada 
que é Cora Coralina passam o Brasil velho e o atual, passam as crianças e os 
miseráveis de hoje.
O verso é simples, mas abrange a 
realidade vária. Escutemos: “Vive dentro de mim/uma cabocla velha/de mau 
olhado,/acocorada ao pé do borralho, olhando pra o fogo”. “Vive dentro de 
mim/a lavadeira do Rio Vermelho. Seu cheiro gostoso d’água e sabão”. 
“Vive dentro de mim/a mulher cozinheira. Pimenta e cebola. Quitute 
bem-feito”. “Vive dentro de mim/a mulher proletária./Bem linguaruda,/ 
desabusada, sem preconceitos”. “Vive dentro de mim/a mulher da vida./Minha 
irmãzinha.../tão desprezada,/tão murmurada...” Todas as vidas. E Cora Coralina as celebra todas com o 
mesmo sentimento de quem abençoa a vida. Ela se coloca junto aos humildes, 
defende-os com espontânea opção, exalta-os, venera-os. Sua consciência 
humanitária não é menor do que sua consciência da natureza. Tanto escreve o Ode 
às Muletas como a Oração do Milho. No primeiro texto, foi a experiência pessoal 
que a levou a meditar na beleza intrínseca desse objeto (“Leves e verticais. 
Jamais sofisticadas./Seguras nos seus calços/de borracha escura. Nenhum enfeite 
ou sortilégio”). No segundo poema, o dom de aproximar e transfigurar as 
coisas atribui ao milho estas palavras: “Sou o canto festivo dos galos na glória 
do dia que amanhece./Sou o cocho abastecido donde rumina o gado./Sou a pobreza 
vegetal agradecida a Vós, Senhor”. Assim é Cora Coralina: um ser geral, 
“coração inumerável”, oferecido a estes seres que são outros tantos 
motivos de sua poesia: o menor abandonado, o pequeno delinqüente, o presidiário, 
a mulher-da-vida. Voltando-se para o cenário goiano, tem poemas sobre a enxada, 
o pouso de boiadas, o trem de gado, os becos e sobrados, o prato azul-pombinho, 
último restante de majestoso aparelho de 92 peças, orgulho extinto da família. 
Este prato faz jus a referência especial, tamanha a sua ligação com os usos 
brasileiros tradicionais, como o rito da devolução: “Às vezes, ia de 
empréstimo/ à casa da boa Tia Nhorita./E era certo no centro da mesa/de 
aniversário, com sua montanha/de empadas bem tostadas/No dia seguinte, 
voltava,/conduzido por um portador/que era sempre o Abdenago, preto de valor,/de 
alta e mútua Confiança./Voltava com muito-obrigados/e, melhor cheinho/de doces e 
salgados./Tornava a relíquia para o 
relicário...”
![]()  | 
| Cora Coralina | 
Tinha 
medo de falar. Lembra com amargura essas carências, esquecendo-se de que a 
tristeza infantil não lhe impediu, antes lhe terá reparado a percepção solidária 
das dores humanas, que o seu verso consegue exprimir tão vivamente em forma 
antes artesanal do que acadêmica. Assim é Cora Coralina, repito: mulher 
extraordinária, diamante goiano cintilado na solidão e que pode ser contemplado 
em sua pureza no livro Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais. Não estou 
fazendo comercial de editora, em época de festas. A obra foi publicada pela 
Universidade Federal de Goiás. Se há livros comovedores, este é um 
deles.
Cora 
Coralina, pouco conhecida dos meios literários fora de sua terra, passou 
recentemente pelo Rio de Janeiro, onde foi homenageada pelo Conselho Nacional de 
Mulheres do Brasil, como uma das 10 mulheres que se destacaram durante o ano. Eu 
gostaria que a homenagem fosse também dos homens. Já é tempo de nos conhecermos 
uns aos outros sem estabelecer critérios discriminativos ou simplesmente 
classificatórios. Cora Coralina, um admirável brasileiro. Ela mesmo se define: 
“Mulher sertaneja, livre, turbulenta, cultivadamente rude. Inserida na gleba. 
Mulher terra. Nos meus reservatórios secretos um vago sentido de analfabetismo”. 
Opõe à morte “aleluias festivas e os sinos alegres da Ressurreição. Doceira fui 
e gosto de ter sido. Mulher operária”. Cora Coralina: gosto muito deste 
nome, que me invoca, me bouleversa, me hipnotiza, como no verso de 
Bandeira.”
- Carlos Drummond de Andrade. Jornal do Brasil, cad. 
B, 27-12-80.
Ambos passaram a se corresponder 
nos anos seguintes. E Drummond, continuou promovendo a obra de Cora 
Coralina.
"Minha pena (esferográfica) é a enxada que vai 
cavando,
é o arado milenário que sulca.
Meus versos têm relances de enxada, gume de 
foice
e o peso do machado.
Cheiro de currais e gosto de 
terra.
(...)"
- Cora Coralina, In. Poema "A gleba me 
transfigura".
CORA 
CORALINA E JORGE AMADO - ENTRE ENCONTROS E CORRESPONDÊNCIAS
![]()  | 
| Cora Coralina e Jorge Amado na Casa Velha da Ponte. | 
Quero crer que 
Cora Brêtas, de Goiânia, e Cora Coralina de Jesus, [confundindo-a com a 
escritora Leodegária de Jesus] de Goyaz Velho, sejam a mesma pessoa. É certo ou 
estou em erro? Mande-me dizer.
- Jorge Amado 
Resposta de Cora:
Jorge Amado. Em 
hora aprazível tem chegado a Goiás suas mensagens, Zélia presente e euos 
agradeço de cór. Cora Coralina de Jesus, do Coração de Jesus, de Jesus Maria e 
José, de São Paulo e de São Pedro, do Menino Jesus de Praga ou não, de todos os 
santos milagrosos. (...) e Amado filho muito nobre de Pirangi, da boa terra de 
São Jorge. (...) Para o endereço apenas Cora Coralina que a cidade é mesmo uma 
coisinha e eu não tenho xará. (...) Vai esta com um volume de meus escritinhos. 
É o que posso oferecer, e o faço com singeleza e algum acanhamento. Você que é 
escritor, revestido, condecorado e urbano, passe os olhos e releve. (...) Jorge 
meu irmão rico, saibam você e a Zélia de que tem nesta Cidade de Goiás uma 
contadeira de verdades e mentiras que os quer bem de todo o 
coração.
- Cora 
Coralina
Após esse contato, Cora 
Coralina e Jorge Amado, passaram a se corresponder. Essa 
correspondência é inédita, algumas foram publicadas recentemente em “A 
economia simbólica dos Acervos Literários: Itinerários de Cora Coralina, Hilda 
Hilst e Ana Cristina César. (Tese de Doutorado) Brasília: UnB, jun. 2011, de 
Clóvis Carvalho Britto”.
"A vida é sempre boa. Saber viver é a grande sabedoria e 
nós todos temos a faculdade de fazê-la sempre melhor. Além da vida material que 
está a nossa volta, temos também a nossa vida interior, mais válida que a 
material. Depende de nós fazê-la melhor."
- Cora Coralina, Especial 
Literatura, n.° 14, TVE, 29/1/1985.
CORA 
CORALINA, A DOCEIRA 
DA CASA VELHA DA PONTE DO RIO VERMELHO DE GOYAZ VELHO
| Cora Coralina, a doceira | 
“Sou mais doceira e 
cozinheira
do que escritora, sendo a 
culinária
a mais nobre de todas as 
Artes:
objetiva, concreta, jamais 
abstrata
a que está ligada à vida 
e
à saúde humana.”
- Cora Coralina, trecho do poema: Quem É 
Você?
“Faz tempo, 
queria contar para sua ternura,
essas coisas miúdas que nós 
entendemos.
Ah! Meu amigo e 
confrade...
As rolinhas... as últimas, fogo-pagou, cantaram a 
cantiga
da despedida no telhado negro da Velha 
Casa.
Cantaram em nostalgia toda uma certa manhã 
passada.
Olhei. Eram cinco, as 
derradeiras.
Levantaram vôo e se foram para 
sempre.”
- Cora Coralina, 1983.
- Cora Coralina, 1983.
Cora Coralina, TV Integração canal 11.
com depoimentos da poetisa Cora Coralina.
O 
RETORNO 
![]()  | 
| Cora Coralina | 
“Sim, foi naquele 
meio, afastada de tudo o que me prendia, sozinha, longe da vida de meus filhos 
(porque uma mãe quando mora com os filhos vive a vida de todo o mundo, menos a 
dela). Quando eu senti uma necessidade imprecisa, obscura de me por de longe, eu 
tinha qualquer coisa que me forçava a isso. Em Goiás, vamos dizer 
assim,
abriram-se as 
portas do pensamento e escrevi o primeiro livro publicado.”
- Cora Coralina, In: Araújo, 1977.
- Cora Coralina, In: Araújo, 1977.
“Nós temos dentro 
de nós um porãozinho. Ele abre e fecha
automaticamente. E 
as coisas caíram dentro do meu porão. E o 
porão
se fechou. E ficou 
fechado durante quarenta e cinco anos. O tempo
todo que eu estive 
fora da minha cidade. E eu senti a necessidade 
de
abrir esse porão 
voltando. Lá não. Tinha que voltar para abrir o 
porão.
Aqui é que o meu 
porão tina que ser aberto soltando as coisas 
de
dentro. Soltando o 
passado de dentro.”
- Cora Coralina
- Cora Coralina
A 
REVOLTA
“Meus amigos me 
esqueceram. As revistas que apareceram em Goiânia, jamais me pediram uma crônica 
sequer. Eu poderia ter colaborado e muito. Havia muita coisa a ser escrita 
dentro da história de Goiás. Preferiram encomendar crônicas de fora, Eneida e 
outros nomes, que falavam da Guanabara. Eu fui ficando de lado, angustiada, 
aborrecida, frustrada. Por isso dediquei-me de corpo inteiro a fabricação 
de doces, sem deixar de escrever meus contos e poemas. É uma espécie de revolta 
que tenho comigo. Escrevi bastante naquela época, mas nunca bati na porta de 
ninguém para a publicação de meus trabalhos. (...) Ai está o motivo de meu apego 
aos doces, é uma réplica a esse alheamento que os jornais fizeram da minha 
pessoa literária.”
- Cora Coralina
- Cora Coralina
![]()  | 
| Cora Coralina | 
Cora Coralina reescreve 
Goiás, promovendo uma arqueologia do passado através das imagens que construiu. 
Seu ato de registrar, através da escrita, cenários e personagens historicamente 
silenciados, constituiu em uma forma de perenização e resistência.
"Alguém 
deve rever, escrever e assinar os autos do Passado
antes que o Tempo passe tudo a 
raso.
É o que procuro fazer, para a geração nova, 
sempre
atenta e enlevada nas estórias, lendas, tradições, 
sociologia
e folclore de nossa terra.
Para a gente moça, pois, escrevi este livro de 
estórias.
Sei que serei lida e entendida."
- Cora Coralina, "Ao Leitor", 1980, p. 39.
- Cora Coralina, "Ao Leitor", 1980, p. 39.
GOYAZ VELHO
A poetisa deixa transparecer sua 
opção no antológico poema Minha Cidade: 
[…]
Eu sou aquela
menina feia da
ponte da Lapa.
Eu sou Aninha.
Eu sou aquela
mulher,
que ficou velha,
esquecida,
nos teus larguinhos
e nos teus becos
tristes,
contando estórias,
fazendo
adivinhação.
Cantando teu
passado.
Cantando teu futuro.
Eu sou aquele teu
muro [...] 
encostadas
cochichando umas
com as outras.
Eu sou a ramada
dessas árvores […]
Eu sou o caule
dessas trepadeiras […]
Minha vida,
meus sentidos,
minha estética,
todas as vibrações
de minha
sensibilidade de
mulher
têm, aqui, suas
raízes.
Eu sou a menina
feia
da ponte da Lapa.
Eu sou Aninha.
- Cora Coralina, in "Minha 
Cidade", 1980, 
p. 47-49.
Na verdade, Cora regressou, sem o 
intuito de permanecer. Dois foram os motivos de seu retorno: lutar pela compra 
de sua casa natal; e iniciar uma espécie de “pesquisa de campo”, uma coleta de 
dados que orientariam a elaboração dos poemas de seu livro tão almejado. Este 
segundo fato, pouco divulgado, é fundamental para compreendermos o processo 
criativo de Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais. Não por acaso o 
jornal Cidade de Goiás, publicou em 8 de abril de 1956 a seguinte nota: 
“Em visita a esta cidade encontra-se entre nós a Sra. D. Ana Lins dos Guimarães 
Peixoto Bretãs (...). Inteligência viva e palestra fluente, Cora Coralina esta 
colhendo dados para trabalho seu sobre.
"Eu brincava, 
rodava, virava roda,
e o antigo mandrião se enchia
e vento balão.
Aninha cantava, desentoada, 
desafinada,
boba que era.
Meu mandrião, vento balão,
roda pião, vintém na mão."
- Cora 
Coralina, In. Vintém de Cobre. 
- Marietta Telles Machado.
POEMAS ESCOLHIDOS DE CORA 
CORALINA
Meu destino
Nas palmas de tuas mãos
leio as linhas da minha vida.
Linhas cruzadas, sinuosas,
interferindo no teu destino.
Não te procurei, não me procurastes –
íamos sozinhos por estradas 
diferentes.
Indiferentes, cruzamos
Passavas com o fardo da vida...
Corri ao teu encontro.
Sorri. Falamos.
Esse dia foi marcado
com a pedra branca
da cabeça de um peixe.
E, desde então, caminhamos
juntos pela 
vida... 
- Cora Coralina
- Cora Coralina
Mascarados
Saiu o Semeador 
a semear
Semeou o dia 
todo
e a noite o 
apanhou ainda
com as mãos 
cheias de sementes.
Ele semeava 
tranqüilo
sem pensar na 
colheita
porque muito 
tinha colhido
do que outros 
semearam.
Jovem, seja 
você esse semeador
Semeia com 
otimismo
Semeia com 
idealismo
as sementes 
vivas
da Paz e da 
Justiça.
- 
Cora Coralina, no Caderno "Folha Ilustrada", São Paulo: Folha de São Paulo, 
edição de 04/07/2001.
[...] O 
passado... 
Homens sem 
pressa, 
talvez 
cansados,
descem com 
leva
madeirões 
pesados,
lavrados por 
escravos
em rudes 
simetrias,
do tempo das 
acutas.
Inclemência.
Caem pedaços na 
calçada.
Passantes 
cautelosos
desviam-se com 
prudência.
Que importa a eles 
o sobrado?
Gente que passa 
indiferente,
olha de 
longe,
na dobra das 
esquinas,
as traves que 
despencam.
-Que vale para 
eles o sobrado?
Quem vê nas velhas 
sacadas
de ferro 
forjado
as sombras 
debruçadas?
Quem é que está 
ouvindo
o clamor, o adeus, 
o chamado?...
Que importa a 
marca dos retratos na parede?
Que importam as 
salas destelhadas,
e o pudor das 
alcovas devassadas...
Que 
importam?
E vão fugindo do 
sobrado,
aos 
poucos,
os quadros do 
Passado. 
- 
Cora Coralina
Velho
Estás morto, estás velho, estás cansado!
Estás morto, estás velho, estás cansado!
Como um suco de 
lágrimas pungidas
Ei-las, as 
rugas, as indefinidas
Noites do ser 
vencido e fatigado.
volve-te o 
crepúsculo gelado
Que vai soturno 
amortalhando as vidas
Ante o repouso 
em músicas gemidas
No fundo 
coração dilacerado.
A cabeça 
pendida de fadiga,
Sentes a morte 
taciturna e amiga,
Que os teus 
nervosos círculos governa.
Estás velho 
estás morto! Ó dor, delírio,
Alma 
despedaçada de martírio
Ó desespero da 
desgraça eterna.
- Cora Coralina
- Cora Coralina
Pedras
Os morros cantam para meus sentidos
Os morros cantam para meus sentidos
a música dos 
vegetais
que se movem ao 
vento.
As pedras 
imóveis me enviam
uma benção 
ancestral.
Debaixo da 
minha janela
se estende a 
pedra-mãe.
Que mãos 
calejadas
e imensas mãos 
sofridas de escravos
a teriam posto 
ali,
para 
sempre?
Pedras sagradas 
da minha cidade,
nossa íntima 
comunicação.
Lavada pelas 
chuvas,
queimada pelo 
sol,
bela laje 
velhíssima e morena.
Eu a desejaria 
sobre meu túmulo
e no silêncio 
da morte,
você, uma pedra 
viva, e eu,
teríamos uma 
fala
do começo das 
eras.
- Cora Coralina, in. "Villa Boa de Goiaz", São Paulo: 
Global Editora, 2001, pág. 93.  
O chamado das Pedras
A estrada está deserta.
Vou caminhando sozinha.
Ninguém me espera no 
caminho.
Ninguém acende a luz.
A velha candeia de azeite
de lá muito se apagou.
A longa caminhada.
A longa noite escura.
Ninguém me estende a mão.
E as mãos atiram pedras.
Sozinha...
Errada a estrada.
No frio, no escuro, no 
abandono.
Tateio em volta e procuro a 
luz.
Meus olhos estão 
fechados.
Meus olhos estão cegos.
Vêm do passado.
Num bramido de dor.
Num espasmo de agonia
Ouço um vagido de 
criança.
É meu filho que acaba de 
nascer.
Sozinha...
Na estrada deserta,
Sempre a procurar
o perdido tempo que ficou pra 
trás.
Do perdido tempo.
Do passado tempo
escuto a voz das pedras:
Volta...Volta...Volta...
E os morros abriam para 
mim
Imensos braços vegetais.
E os sinos das igrejas
Que ouvia na distância
Diziam: Vem... Vem... 
Vem...
E as rolinhas fogo-pagou
Das velhas cumeeiras:
Porque não voltou...
Porque não voltou...
E a água do rio que 
corria
Chamava...chamava...
Vestida de cabelos 
brancos
Voltei sozinha à velha casa 
deserta.
- Cora Coralina, do "Meu Livro de Cordel", 8°ed., 
1998.
 Meu 
Epitáfio
Morta... serei 
árvore 
Serei tronco, 
serei fronde 
E minhas 
raízes 
Enlaçadas às 
pedras de meu berço 
são as cordas 
que brotam de uma lira. 
Enfeitei de 
folhas verdes 
A pedra de meu 
túmulo 
num 
simbolismo 
de vida 
vegetal. 
Não morre 
aquele 
que deixou na 
terra 
a melodia de 
seu cântico 
na música de 
seus versos. 
- 
Cora Coralina, do "Meu Livro de Cordel", 1998. 
Assim eu vejo a 
vida
A vida tem duas 
faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu 
legado
Saber viver é a grande 
sabedoria
Que eu possa 
dignificar
Minha condição de 
mulher,
Aceitar suas 
limitações
E me fazer pedra de 
segurança
dos valores que vão 
desmoronando.
Nasci em tempos 
rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.
- 
Cora Coralina, [O 
poema acima, inédito em livro], foi publicado pelo jornal "Folha de São Paulo" — 
caderno "Folha Ilustrada", edição de 04/07/2001.




















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