sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O HOMEM DO ESPELHO


O HOMEM DO ESPELHO

 

Quando conseguir tudo que quer na luta pela vida e o mundo fizer de você rei por um dia, procure um espelho, olhe para si mesmo e ouça o que aquele homem tem a dizer.

Porque não será de seu pai, mãe ou mulher o julgamento que terá que absolvê-lo. O veredicto mais importante em sua vida será o do homem que o olha do espelho.

Alguns podem julgá-lo modelo, considerá-lo um ser maravilhoso, mas ele dirá que você é apenas um impostor, se não puder fitá-lo dentro dos olhos.

É a ele que deve agradar, pouco importa os demais, pois será ele quem ficará ao seu lado até o fim. E você terá superado os testes mais perigosos e difíceis se o homem no espelho puder chamá-lo de amigo.

Na estrada da vida, você pode enganar o mundo inteiro, e receber tapinhas no ombro ao longo do caminho, mas, seu último salário será de dores e lágrimas, se enganou o homem que o fita no espelho.

                                                                                                                                         

                                                                  Dale Wimbrow

quarta-feira, 24 de outubro de 2012


DEIXOU DE SER RIO PARA TORNAR-SE OCEANO

Um réquiem ao Sr José Maria Duprat (Nosso “Rubem Alves”) Membro fundador da AGL - Academia Guaçuana de Letras -
 
                                                                     Mauro Martins Dos Santos - Membro Fundador da AGL.

Conta-se uma história, que uma pequenina fonte começou a borbulhar lá no alto de uma enorme e íngreme montanha e um filete de água iniciou a sua jornada.

Foi descendo pelas encostas, foi crescendo com outras fontes, aumentando seu volume, e num esplendido salto atingiu lá embaixo o vale, no sopé da montanha.

Foi correndo célere por entre as árvores dos bosques, as pedras,  formando corredeiras e cachoeiras  lutando em seu caminho ora mais facilmente, ora com dificuldades. Admirava-se, sua força, sua habilidade e persistência ao vencer os obstáculos.

 Crescia em percurso e largura. Passou por planícies e por áreas desérticas. Umedeceu-as, dando-lhes condições de acolher as sementes para florescerem e darem frutos. Forneceu os frutos do alimento a homens, mulheres e crianças que se agrupavam às suas margens.

Matou a sede da terra, de povos, de animais e de pássaros, soube louvar e honrar a natureza. Teve sempre a Fé enaltecedora dos mansos de espírito ao seu  Criador!

Conheceu outras correntes de água e as reuniu em si, tornando-se maior e mais fecundo. Os peixes, seus amigos, nutriam-se e multiplicavam-se em suas águas translúcidas.

Era feliz! Fazia aos outros felizes com sua mansidão, virtude dos verdadeiramente fortes. Mas, chorou um choro de águas, que só Deus pode ver, quando lhe caiu uma “Ponte”. A mais amada de todas as Pontes, a que unia com resplendor suas mais veneradas margens.  As margens em torno das quais se reuniam aqueles que lhe eram mais caros. E ela os unia.

Porém, certo dia, um pouco adiante, foi despertado para uma realidade: seu caminho seguia, inexoravelmente em direção ao mar, talvez alertado por uma ligeireza em suas correntes mais profundas.

Parecia ao bravo rio - no entanto sem murmúrios – que estaria chegando o momento em que iria entrar no “Grande Oceano Azul”, assim pensava, e, que iria desparecer como rio, para sempre.

Pensou  contudo,  ser esta realidade um meio de ingressar em outro leito que o fizesse voltar à sua tão amada Ponte ou encontrá-la outra vez. Mas não havia como saltar sobre o  horizonte distante e invisível do  Grande Oceano Azul, nem tão pouco voltar atrás. Os rios não voltam jamais. Mas podem encontrar quem os amou um dia. As flores não lhes são lançadas em vão...

Ao fazer a derradeira curva, teve em sua superfície refletidas as nuvens brancas e além o Infinito  Azul, quando descortinou-se aos seus olhos o interminável mar. Imenso.  Sentiu um quê não conhecido, não sentido em seu curso, seria o tão falado medo?

Não. O grande e valente Rio não conhecia a palavra medo. Poderia Ignorar, mas ao vivenciar, ao saber, tudo se tornava claro como suas próprias águas que lhe davam a consistência da vida.

No entanto, percebeu que esse era o seu porto final. E, confiante como em toda sua existência, fez a sua última descida. Ingressou Naquele que era maior que a si próprio, o vasto e profundo Oceano.

Brilhou então a Verdade. Entrar no Grande Oceano Azul não é deixar de existir, não é morrer, não é o fim e sim tornar-se parte dele, para um recomeço do sagrado ciclo da criação pelas mãos do Sagrado Artífice do Universo.

O garboso e sereno Rio, após seu singular percurso, tornou-se parte integrante do mar, como tantos outros rios que haviam chegado de todos os cantos do mundo. Grandes, velhos, jovens, escuros, castanhos, amarelos, rios de todas as partes da Terra, em sonora e borbulhante confraternização, eternizando felizes suas águas, para a grande festa do ciclo vital das águas: todos ansiosos para tornarem-se chuva e caírem das nuvens lá para as bandas de onde nasceram.

Agora nosso querido Rio já não está mais só. É parte de um Grande Plano, onde, entrelaçados e unidos, todos são apenas UM, para todo o Tempo de Deus.

Deixou de ser Rio para se tornar Oceano.

sábado, 13 de outubro de 2012

OSTRA FERIDA

OSTRA FERIDA PRODUZ PÉROLAS RARAS

                                                           Mauro Martins Santos

As pérolas são frutos da dor! São feridas contundentes que dia após dia torturam a humilde ostra nas profundezas do mar. São produtos de uma dor lancinante que penetrada por um corpo estranho no interior da casca da ostra, cola-se ao frágil e mole corpo do molusco e começa a dilacerante tortura. Mas a Natureza em sua imensa sabedoria faz o inimaginável milagre.

A pérola é pois, o fruto da dor. Dor causada por um elemento indesejável : um grão de areia. Um mínimo e insignificante grão de areia. Pense você em seus olhos. Na maravilha de nossos olhos, quando entra-lhes um cisco, um argueiro, um grãozinho de areia. Dor, lágrimas, irritação, desespero tudo por um grão de areia. Com a ostra não é diferente. Mas não é abandonada pela Natureza.

A ostra, lentamente começa a trabalhar com uma substância chamada nácar, a mesma que forra seu interior liso e brilhante.

Gradativamente, camada após camada o nácar fornece células que vão revestindo o grão de areia - ou corpo estranho - para que fique liso e não mais venha a ferir o corpo indefeso da ostra. Como resultado desse processo surge no interior da concha uma linda pérola.

Uma ostra jamais ferida não produz nenhuma pérola. A pérola é o resultado de um sofrimento, uma cicatriz dolorosa que foi curada preciosamente e lentamente, mas de forma eficaz, pelo indefeso animal, sem mãos nem pés, ossos ou resitência.

Quando nos sentirmos feridos pelos embates da vida, deveríamos nos lembrar da ostra. Quando a dureza e rusticidade das outras pessoas, com seus preconceitos, rejeições, mentiras, injúrias e  hipocrisia tentarem nos atingir vamos fabricar uma pérola, quanto mais ferido o corpo da ostra maior e mais preciosa é a pérola que ela produz.

Vamos cobrir as injúrias do mundo com várias camadas do nácar do amor e perdão. Não vamos aumentar a legião daqueles que não entendem esse processo e ficam com suas feridas abertas e expostas aos ressentimentos.

O que vemos são muitas ostras abertas e vazias, por não terem fornecido nenhuma pérola. Atiradas fora por nada terem produzido: nada de útil, nada de perdão, amor, compaixão, alegria de viver, sorrir, cantar e dançar na grande sinfonia do Universo.

Vamos produzir pérolas para o Universo transformar em estrelas sorridentes na grande morada do céu cintilante da gratidão, do imenso dom da vida, que recebemos gratuitamente para usufruirmos com sabedoria.