quinta-feira, 12 de outubro de 2017

CAMPEREANDO RIMAS




Nas estradas longas a percorrer o solitário gaúcho tem seu cavalo por amigo fiel 
e à garupa as tralhas de que precisa . No calor das tardes ensolaradas um bom gole de água da guampa 
(chifre cortado em tamanho prático) à guisa de cantil, munido de uma correntinha, às vezes prata pura, para dependurá-la na guaiaca (cinto gaúcho) ou na sela.

***

CAMPEREANDO RIMAS

A vida é feita de incompletudes,
que carecem ser campereadas e preenchidas
com as bençãos do retorno.

mms




Devemos rever nossas almas vazias,
O inútil percutir de passos nas calçadas

Ou galopar por poeirentas estradas,
Branco areal ancho de triste agonia...

Ainda não sei por que me atrevo
Percorrer estes caminhos sem fim,
Desfiando parcas rimas de poesia
E pensamentos que carrego em mim.

Vultos bruxuleantes no vapor da distância,
A prata envelhecida das tábuas do galpão,

A saudade dos aromas de minha estância,
Roubou-me a alegria como grande aluvião.


Pego de minha velha trempe os três ferros,
Cavouco o solo, para fazer o fogo de chão,
Ponho água da guampa na chaleira de zinco
Espero chiar para curtir um bom chimarrão.

Me pego vagando como alma de índio vago,
Gauderiando por lugares de pedra e cimento,
Juro nunca olvidar de tua sombra, meu pago,
Pela Cruz de Cedro, não irás ao esquecimento!


 M. Martins S.
***

O uso da trempe ainda é bem disseminado e típico do Rio Grande do Sul. 
De fácil transporte e um nada para montagem. Uma argola com três barras finas de ferro 
que alternadas  e com o peso da panela ou chaleira trava-a na argola, e, apertam-na 
para as pontas opostas se fincarem no chão. 
Pronta para ferver a água para o chimarrão ou assar a carne do churrasco. 




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