TU GALATHÉIA, MEU MISTÉRIO
Primeiro as nuvens ligeiras e rosadas,
Logo as seguem as avermelhadas
É o prenúncio de eminente temporal...
Bandos de pássaros fogem em aluviões,
Nuvens rotas, escuras e acinzentadas,
Ou amontoadas com suas bordas prateadas
Tingidas pelos coriscos dos raios e trovões,
Tingem a cúpula da inversa atmosfera abismal...
Em meio ao vento e relâmpagos, se desprende
quadros fantásticos, aerotransportados.
Dos pilares infinitos escorrem cores delicadas
Leves, não são primárias, esmaecem misturadas;
Perpassam longos dedos brancos de uma fada,
Nas alturas, evola o som de uma voz desolada...
De tuas pálidas mãos saem imagens encantadas,
Imagem fantástica que os meus olhos apreende,
Como o espoucar de um impossível plenilúnio,
No firmamento mutante de veredas desoladas,
A descobrir teu rosto branco e frio, ó infortúnio,
Por que imitas as máscaras e vedas teus olhos?
A marcar assim encoberta o arrepio deste mistério!
Gélidas, mil cores, que escorrem em teu peito de rosas.
Talvez após todas as tempestades desponte
O dia que possa desvendar tua aparição misteriosa,
Buscarei minha doce dama no fundo de meu coração,
Cria-la em tela, embora inerte - serás a minha rosa...
Eu Pigmalião, tu Galathéia minha doce amada e formosa
Donzela esculpida na ótica tridimensional da ilusão.
Ganhaste vida, minha querida, similar da lenda famosa,
Ouviste meu clamor, condoeste por meu amor solitário,
Saíste de teu pedestal, beleza de estrutura harmoniosa,
Eu te criei em proporções, zelo e amor de forma ditosa,
Branca de marfim, aos poucos emanaste cores no átrio,
Ganhaste o calor em teu corpo, cor nos lábios, ó delírio
Tenho agora a ti Galathéia, a mim tornaste meu corolário!
Nenhum comentário:
Postar um comentário