VELHO
AURÉLIO ‘
‘Sendo
velho,
A vida
ralha
Como relho,
‘
Diz pra si
O
velho Aurélio.
Que já não
mais
Dobra o
joelho...
Não levou
‘Vida
canalha
Nem de
gaudério,
Tal vida
não leva
Por
mortalha,
Na
longa estrada
Desta batalha...
’
Só na sombra
Da Pedra
Grande
Desgastada,
Por
derradeiro
É que pediu:
‘Ser a
última morada,
Deste velho
peleador. ’
Sua nora
O
acompanha,
Confortando
sua dor
Na diuturna
campanha!
Nara, a
jovem
Que não
ralha,
O ajuda com
as
Rotas tralhas
Ela e o
marido Aran
Nunca
lhe puseram
Cangalha.
Aran filho,
Nara a nora,
Sejam
benditos,
Este velho
Quer-vos abençoar
e se não
for pedir muito:
‘Quero
jazer
Na sombra
Da Pedra
Grande,
Do relho
não desfazer
Pra tundar
alma penada,
Das que
nunca
Fizeram o
bem,
Só
maltratar
Só malfadar
Todo mundo,
Sem nunca
Amar
ninguém!’
E junto às tralhas O fiel amigo cusco
Também
velho,
Se
enrodilha
Nas botas
Do velho
Aurélio,
Que camperearam
Tanta
coxilha.
O velho
cusco
Quer a custo:
A ovelha,
O tordilho,
A nora Nara,
E ao
filho Aran,
Acompanhar
O rastilho...
Aurélio se atrapalha
A pegar água
da talha,
E uma unção
Nas Cabeças
Da nora
Nara
E do filho
Aran
Pra benção
O velho espalha!
Pediu-lhes uma
Cruz de
cedro,
Feita por Ordec
O velho
Inca Xiru
E seu filho
Acní,
Descendentes
de velhos
tribais
Vindos do
Peru de
Artesãos
ancestrais.
São amigos
de
Oruam de quem
Não
esquecem as obras
Nem o toponímico
De família
de valor;
Sod-Sotnas;
De Grande
Rio
Das Cobras
Morador.
“Raios !”
Ralha
Aurélio:
O raio é
Ser velho!
Rememorando
Seu
açoriano pai.
Apenas
Há penas:
Uma mais
branda
Outra mais
atroz
Dúvida e
dor,
Nesta vida
A carregar
Que
remontam
Aos bisavós;
Nada
mais terei
Além dessa
Cruz
falquejada
E duas
lágrimas
Pra
derramar.
E em
castelhano
pra Ordec
entender:
‘Donde
están
Los otros
sus
Hermanos?
Muertos los doce
y sus
mujeres
No están...’
Antonte, de longe,
Vi todos
c'os filhos
P’ras
bandas da Missão...
Entonces serão
só cês dois
E meus dois
benditos,
No meu
velório?
Bençoados
Sejam cês
dois,
Que
tiveram coração,
Ponto de
pra duas dúzias
De veros
viventes
Fazer vera
repartição!
Mas
tão todos perdoados,
Não
são mesmo de parecença
os
dedos da mesma mão.
Lembre meus
Dois
filhos:
A
Pedra pode ser
Demais
de grande
Mas
sua sombra
Que também
é grande,
Por cima
de minha cova
Não me
assombra!
Porque a
pedra
Pode ser
grande
Mas sua
sombra
Que também
é grande...
Não pesa
nada!!
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