quarta-feira, 14 de setembro de 2016

GANHOU, MAS NÃO LEVOU

GANHOU, MAS NÃO LEVOU
- Crônica -
Mauro Martins Santos







Existe um ditado indígena, parece que Tupiniquim, que diz: "Ganhou, mas não levou".

Há uma lenda que de 200.016.000 almas, retirando-se 53.000.000 - por uma simples conta de subtração - o resultado seria de 147.066.000.

Diz-se ainda que certa "Grande Chefa Toura Sentada" alegava que esses 53.000.000 foram seus "bravos guerreiros" que a apoiaram.

Diz ainda a lenda, que o nariz da Grande Chefa, por esse fato, começou a crescer - onde um pica-pau já fez um ninho.

O Conselho Superior Tribal, que fala por todas as aldeias e tribos daquela nação, alerta que esse número todo de indígenas não pertence só à Grande Chefa, mas teria que ser dividido no mínimo por 2 (dois); visto que o sub-cacique, foi escolhido pelo conselho da "Grande Estrela do Totem Vermelho" por ser um líder poderoso e capaz.

Ocorreu então ser escolhido como sub-cacique pela capacidade de chefia e liderança para compor uma grande coalizão de tribos para conquistar a grande nação Green and Yellow, como fica denominada na lenda - resultando na união da Grande Chefa Toura Sentada, com um possuidor de pradarias de muitas manadas de búfalos e sua parcela representativa era a maior da nação e iria fortalecer a Grande Chefa.


















Mas curioso é que sob o beneplácito de Cavalo Louco, um líder xamã, ocorreu aquele fato bizarro e inovador que veio sobretudo fortalecer as tribos aliadas da Grande Chefa, sendo os indígenas mais irredutíveis da grande nação. Indomáveis, renegados, depredadores de tendas, aldeias e abrigos de quem lhes contrarie, e ateando fogo em tudo pela frente, em revolta à queda da Grande Chefa Toura Sentada a quem apoiam.

Entrementes, assim que a sua Grande Chefa caiu, todos já se pintaram de vermelho para a guerra, e se vestiram com trajes e penas também vermelhas, sinais característicos e indicativos de seu constante estado beligerante. São pertencentes a um ramo de tribais não pacificados que não aceitam qualquer tipo de aculturamento com os civilizados. Provocados, tornam-se perigosos.

Um outro guerreiro também figura na lenda - amigo daquele que fora elevado a Cacique-mor - era falante do mesmo tronco idiomático e cultural que este. Cooperador junto às manadas de bisões em todo território da nação, era Cacique do Alto Conselho dos Porta-Vozes, conhecedor de muitos vales, ravinas, e labirintos dos canyons.

Após a conclusão dos pajés e chefes que representavam o alto conselho da Grande Nação Green and Yellow, o Cacique dos Porta-Vozes foi tomado pelo Espírito dos Miasmas dos Pântanos e Lamaçais, a quem a Nação abominava com horror.

De forma esdrúxula, bizarra e inovadora, acompanhando o honorável Ancião e Mestre-Xamã que presidia o Conselho dos Porta-Vozes, devolve metade de toda a Nação Green and Yellow à Chefa deposta, com seus rios, montanhas florestas, ravinas, rebanhos de bisões, vastas pradarias e tesouros, inclusive sendo alimentada substancialmente como uma abelha rainha.

A Grande Chefa foi defenestrada pela maioria dos membros do Grande Conselho representativo da vontade do povo; porém recebe num chamado "fatiamento da pena" os melhores cavalos, os mais treinados e mais fortes guerreiros para resguardá-la de perigos e atendida em todas as necessidades como se Grande Chefa continuasse a ser. Com direito à farta caça trazida a ela pelos "seus bravos" à disposição diuturnamente

Estranhamente uma Chefa deposta - diziam os que a destituíram do cargo - permanecia praticamente na mesma condição a que vinha exercendo como Grande Chefa Toura Sentada. Melhor, sem responsabilidades pelos seus crimes contra o o povo da grande nação, e, sendo mantida com todos os aparatos dos grandes chefes heróis, do mais alto pico dos Espíritos da Montanha Vermelha.

O Chefe empossado da Nação Green and Yellow - pelas leis tribais daquela nação indígena - era por tradição, escrita a fogo em couro de bisão. Esta lei legitimava o Cacique, aprovado pelo Conselho Porta Voz e por Manitu. Nem ele nem os demais caciques, muito menos o povo até hoje, passados séculos, não entenderam.

Assim versa essa antiga lenda indígena que passou a ser conhecida como: “GANHOU, MAS NÃO LEVOU".

Após tanto tempo passado do que versa a lenda, os atuais indígenas cantam:

Mas somos todos uma "pátria de chuteiras”,
traseiros-fio- dental e “sextas-cerveja-feiras”,
samba, muita cachaça, e carnaval, que tal...
Muito futebol, pinga, mulher e gandaia, LEGAL!

FINAL.

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