sábado, 18 de junho de 2016

"O GRITO" - de Munch - Em contraponto a Ceci n'est pas une pipe de René Magritte




"O Grito" - Em contraponto a
"Ceci n’est pas une pipe" de René Magritte.
Mauro Martins Santos - Moji Guaçu-SP - Brasil

Quando René Magritte apresentou seu quadro La Trahison des Images, ou A Traição das Imagens, com sua legenda, que não por acaso subtitula este texto - "Isto não é um Cachimbo" - o artista reviveu a discussão sobre a representação na arte! Uma imagem não é uma realidade, é uma reinvenção, um índice, um símbolo dessa realidade. 

A Semiótica (Semiologia) trata todo o existente e o ficcional como símbolos a serem percebidos pelo nosso sistema sensorial. A capacidade de cognição, retenção e interpretação de cada indivíduo afeta o equilíbrio e o desiquilíbrio do universo dos signos. São estes últimos, sempre os mesmos - a diferenciação é que fica a cargo da especiosidade de quem olha, ponto e grau de visada, de acordo com sua corrente preferencial e de intensidade. 

Portanto, a mim, a arte praticada pelos expressionistas tem um posicionamento sensorial intimista e subjetivo. Aqui a arte se difere do mundo físico realista. Assim viram Munch e os demais expressionistas. A imagem pode ser de um realismo inconteste (caso do cachimbo) mas sua composição, disposição e intenção, busca a subjetividade. É um cachimbo quase fotográfico, de um hiper-realismo, mas ainda assim não é um cachimbo, é uma pintura, arte em toda sua expressão subjetiva, como se lê na sequência deste texto. 
Abaixo iremos ver um texto que particularmente posso inclui-lo no expressionismo literário (desde que lido até o final). Faço reforço preliminar com o pensamento de Pablo Picasso: “Todos sabemos que a arte não é verdade. A arte é uma mentira que nos faz compreender a verdade, pelo menos a verdade de que podemos compreender”
E, eu pretensioso, acrescento algo um pouco diferente ao pensamento de Picasso: 
- A arte é uma ilusão, produzida por um ser em constante construção. Assim o artista, tem a "licença poética de iludir" docemente: pensando, dizendo e criando o belo, numa tentativa presunçosa de eliminar com obras de traços e sons, o feio que brota  em nosso jardim.” 

Sim, e, muitos dos pintores iluministas, cubistas, fovistas (do fr. fauvisme) expressionistas e surrealistas... têm obras antecedentes - à conversão às novas escolas - praticadas sob o estilo acadêmico-realista.

[M.M.S]
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"O GRITO DE VAN GOGH”* 
* "Eco" no final... (Texto)

"Há 120 anos atrás, um homem decide cortar a sua orelha esquerda, mal sabia ele que seria aclamado por isso. Esse homem era chamado pelo nome de Vincent Van Gogh. Ele é hoje um dos pintores mais aclamados de todos os tempos. Mas porque cortou sua Orelha esquerda? Loucura? Insanidade? Arte? Depressão? Ainda hoje, sabemos de pessoas que se mutilam nos pulsos, nos órgãos genitais, nos dedos, mas, que sentido faria alguém se mutilar numa orelha? O que será que passou pela cabeça deste gênio da arte pós-impressionista? 

Se tivesse sido um ato de suicídio, certamente ele daria outra direção à lamina. Por isso podemos concluir que talvez ele se quisesse castigar por algo que teria feito. Apesar de hoje ser uma pessoa de renome internacional, ele foi recriado postumamente por críticos que o refizeram das cinzas. 
Naquela altura, Vincent Van Gogh, era um ser humano fracassado nas artes, suas obras não eram consideradas importantes, ele não tinha meio de sustento, não tinha família ao assistir..
Ao que parece um único irmão ausente, lhe fez esmola, ao comprar um de seus quadros.
Era como se ele vivesse sozinho no mundo. E nessa solidão, a orelha, que ouvia desaforos, o incomodava. Então, era melhor cortá-la.

Mais de um século depois deste ato que mitifica ainda mais o seu universo, pense se dá ou não uma vontade de cortar nossas orelhas - e apêndices dos titulares e dos lindeiros do poder -, de tanto ouvir as barbaridades e pantomimas políticas, econômicas, morais sociais e culturais às quais estamos expostos e encaixotados como vítimas. 

Escondam as facas, as tesouras, os canivetes porque eu quero cortar minhas orelhas. Minhas orelhas estão cheias de crise, de fome, de miséria, de roubo, de corrupção, de enchentes, de impostos, do falar-se em  guerra da marginália a nos matar em qualquer lugar [banho, trabalho, templo ou lazer]

Dá uma vontade de cortar as orelhas e sair correndo pelos campos de girassóis de Van Gogh e soltar O Grito. Opsembora esse quadro tenha tudo a ver com o pintor holandêsé uma pintura do norueguês Edvard Munch O grito de Van Gogh não foi retratado em tela, mas em um gesto. Cortem as orelhas." Daí soltem o GRITO isoladamente ou em coro pelas ruas, campos, praças e logradouros, mas que seja lancinante o bastante para ser ouvido até o lugar mais distante.

Inspirada em http://www.danielcampos.biz/
e  em texto do escritor português  - Pedro Ribeiro


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