segunda-feira, 2 de maio de 2016

PÉROLAS ATRAVÉS DA DOR



PÉROLAS ATRAVÉS DA DOR
Mauro Martins Santos

“Ostra feliz não faz pérola” - Rubem Alves

Uma pérola gigante foi encontrada por acaso e já está sendo cotada como uma das maiores do mundo. 
A preciosidade foi analisada por um time de especialistas em Londres e depois na Suíça e confirmaram que se trata de uma pérola natural com um diâmetro de 17,4 milímetros e incríveis 33.14 quilates.
As pérolas podem ser cultivadas através da inserção de um núcleo na ostra que desperta o processo de produção e cristalização do nácar, ou produzidas sem qualquer interferência humana, o que as torna muito mais raras.

Qualquer corpo estranho (grãos de areia ou parasitas) que invada a concha pode causar dor e irritação no molusco, daí sua reação natural, sua única defesa é segregar elementos orgânicos que a aliviem do desconforto e sofrimento, que pode durar anos até envolver o corpo estranho.

As pérolas são formadas quando uma ostra produz camadas de nácar, um mecanismo de proteção natural. O nácar é cristalizado pela presença do carbonato de cálcio existente no corpo da ostra feito para protegê-la quando um corpo estranho invadir ou acidentalmente se alojar no interior da concha. No caso dos produtores de pérolas artificiais, eles próprios iniciam o sofrimento do molusco para desencadear o citado processo.
Quando os dois elementos [nácar + presença de carbonato de cálcio] se encontram na presença do terceiro elemento [oxigênio] externo ao corpo do animal, produz-se uma reação de endurecimento, se enrijecem, formando a estrutura esférica de uma pérola. Esse processo de envolvimento ao corpo estranho - que na realidade é uma defesa à agressão das arestas - por exemplo, de um grão de areia - pode levar anos e quanto maior o corpo estranho maior a pérola = mais camadas de nácar serão necessárias a serem adicionadas.

Na grande verdade, a pérola nada mais é, que o fruto do sofrimento do molusco no interior de sua concha, para cessar seu sofrimento, os ferimentos das arestas do corpo estranho e seu corpo mole e frágil ela desencadeia essa sua defesa natural. Mas afinal de contas o que representa um molusco na cadeia biológica? Vez que a importância à vida, só é medida conforme a escala (especicista, do homem) em relação às demais espécies de vida biológica existentes em todo o Globo.



Como mecanismo de defesa, as ostras revestem esse corpo estranho de madrepérola, uma substância cálcica que elas expelem para proteger a concha. É assim que se formam as pérolas. Qualquer corpo estranho (grãos de areia ou parasitas) que invada a concha pode causar irritação. Como mecanismo de defesa, as ostras revestem esse corpo estranho de madrepérola, uma substância cálcica que elas expelem para proteger a concha. É assim através da dor que se formam as pérolas.
Uma pérola gigante foi encontrada por acaso e já está sendo cotada como uma das maiores do mundo. A preciosidade foi analisada por um time de especialistas em Londres e depois na Suíça e confirmaram que se trata de uma pérola natural com um diâmetro de 17,4 milímetros e incríveis 33.14 quilates.
A pérola foi produzida por uma ostra da espécie (Pinctada máxima)  e, aparentemente, levou cerca de 10 anos para se desenvolver na natureza.  Especialistas em joalheria especializados em pérolas avaliam que a preciosidade pode valer cerca R$ 750 mil.


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O grande Rubem Alves, [Boa Esperança - MG, 1933 / 2014. Faleceu em Campinas aqui pertinho de minha cidade - Moji Guaçu-SP - é, nunca direi foi - um dos maiores e mais prolíferos escritores brasileiros modernos. Em 2014 encantou-se (como costumava dizer quando um seu amigo morria), encantou-se da forma como pedia, não de repente - “uma pessoa não merece deixar a vida sem poder dizer algo antes de ir-se”. Rubem escreveu todo um importante livro com o título: Ostra Feliz não Faz Pérola, a que tentarei me referir, e se possível, enredar-me na magia de suas palavras.
Como todas as suas obras, esta é de uma beleza sem par. Teológica-filosófica-educativa-poética,  e ao mesmo tempo não ser nada disso, pela simplicidade particularmente inata em escrever. Rubem escrevia para “adultos-crianças”, ou seja, aqueles que não mataram a criança que foram lá pelas bandas de onde quer que tenham nascido ou se criado, que tenham cultivado os “brinquedos-palavras” que falaram em crianças e tenham ouvido muitas histórias.

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Vou começar transmitindo o quanto estimo Rubem Alves, a quem conheci em minha quase vizinha cidade de Campinas, tenho lido praticamente todos os seus livros. Ao falar agora em específico sobre este livro, que vem a me inspirar a escrever o presente texto, não estou buscando a inspiração ou argumentos em um livro qualquer, falo com propriedade de Ostra Feliz não Faz Pérola.

Para mim e uma legião de leitores a morte Rubem Alves  levou do cenário literário nacional e mundial [seus  milhões de livros traduzidos em mais de 30 idiomas comprovam] um dos maiores e mais completos intelectuais da literatura brasileira. Um escritor que por ter sido perseguido durante o regime militar - ressentiu-se não tanto por causa dos militares, mas profundamente com seus pares, sendo pastor presbiteriano, foi atraiçoado por seus colegas também pastores, que o delataram ao regime - por quê? Porque ele e outros teólogos incluindo Leonardo Boff, frei católico, que iniciaram a Teologia da Libertação, foram taxados de subversivos [na verdade feriam o status quo do clero].  Ele foi se exilar nos Estados Unidos, e deu graças a Deus. Lá fez mestrado, lecionou em Universidades, fez doutorado em teologia e filosofia e voltou mais intelectualizado do que quando fora.
Suas afirmações e discussões, são de uma firmeza intelectual e literária que nos prende a meditar a cada período, são prosas poéticas se quisermos que assim seja, são enlevações do pensamento aos que preferirem assim lê-lo, e seus textos que fazem parte deste livro em particular, são maravilhosos. Claro que terá em meio ao seu vasto acervo literário, algum livro ou texto que possa não agradar a este ou aquele leitor, ou que não concordem muito com determinadas proposições que ele usa como figuras de linguagem ou recursos literários, mas sobre isso, ocorre com todos os leitores em relação a incontáveis autores. 

Quanto a este livro citado nada a criticar, porque Rubem cumpre a rigor o enunciado em seu título sendo precioso em abordar o tema em todos os aspectos.  Talvez estejam pensando ao ler este texto que estou me referindo muito além do que realmente o livro representa. Nada tenho a acrescentar ou procurar promover tal autor, que por si só e sua biografia falam estratosfericamente mais que qualquer humilde comentário deste autor de texto.  

Quem já teve o prazer de ler Rubem Alves sabe da veracidade do que escrevo. 
O livro fala sobre sofrimento que produz a beleza, de jardins e flores, da morte necessária para ressurgir a vida plena, do envelhecimento físico, que recria a mensagem da renovação de esperanças a quem nos sucede, traz a imagem não saudosista mas saudosa da juventude, e das coisas não vividas, do sagrado que está em todos os lugares, como o vento, o amor, do verbo inicial. Doses generosas de sabedoria para serem vivenciadas e reproduzidas.

Rubem fala muito em suas crônicas de Nietzsche, Bach, Gaston Bachelard, Cecília, Adélia Prado, Pessoa e seus heterônimos em especial Alberto Caeiro, e tantos outros aos quais ele admirava e nos faz conhecer por excertos que no apetecem a buscá-los.. Ostra Feliz não Faz Pérola, sem exagero, contemporâneo e brasileiro. Uma pena que nunca tenha sido convidado pela ABL (como tantos canastrões que lá estão) também que seu nome e suas obras não tenham sido reconhecidas como merecem e deviam ter sido. Talvez pelo seu temperamento avesso às bajulações e “salamaleques” entre pretensos “acadêmicos”.  
Morreu feliz com sua Academia Campinense de Letras. Rubem também era um grande educador e professor da USP. Ferrenho defensor dos educadores em geral, e de uma educação mais relacional do que sistemática.
 Leiam este livro, ou outros de Rubem Alves. Além de serem mensagens sempre atuais e edificantes para a alma, fazem pensar e, é um acervo de sabedoria muito em falta nos nossos dias.

UM EXCERTO DE “OSTRA FELIZ NÃO FAZ PÉROLA”

 Isso é verdade para as ostras. E é verdade para os seres humanos. No seu ensaio sobre O nascimento da tragédia grega a partir do espírito da música, Nietzche observou que os gregos, por oposição aos cristãos , levavam a tragédia a sério. Tragédia era tragédia. Não existia para eles, como existia para os cristãos, um céu onde a tragédia seria transformada em comédia. Ele se perguntou então das razões por que os gregos, sendo dominados por esse sentimento trágico da vida, não sucumbiram ao pessimismo. A resposta que encontrou foi a mesma da ostra que faz uma pérola: eles não se entregaram ao pessimismo porque foram capazes de transformar a tragédia em beleza. A beleza não elimina a tragédia, mas a torna suportável. A felicidade é um dom que deve ser simplesmente gozado. Ela se basta. Mas ela não cria. Não produz pérolas. São os que sofrem que produzem a beleza, para parar de sofrer. Esses são os artistas. Beethoven – como é possível que um homem completamente surdo, no fim da vida, tenha produzido uma obra que canta a alegria? Van Gogh, Cecília Meireles, Fernando Pessoa… (trecho da crônica que dá o titulo ao livro)

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Rubem, eu conheci, mas só tornou-se meu grande amigo em seus livros. A admiração por ele aumentou logo após a sua morte, onde acelerei em lê-lo. A depender de mim  semearei sua sabedoria e literatura por estes caminhos. Aqui, em AS CORTINAS DO TEMPO e lá em À SOMBRA DAS ARAUCÁRIAS sempre voltarei a falar muito sobre Rubem Alves. No momento estou relendo, dele, TRANSPARÊNCIAS DA ETERNIDADE .

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