As casas que as famílias receberam não têm portas, janelas,
água e nem energia elétrica
Imagine alguém sonhar por cerca de 20 anos com a casa
própria e, quando finalmente recebe, vê o sonho transformado em um pesadelo. É
o que aconteceu com algumas famílias beneficiadas pelo programa Minha Casa,
Minha Vida em Chã de Alegria, na Zona da Mata de Pernambuco, a 52 quilômetros
do Recife. Os imóveis que eles receberam não têm portas, janelas, água na
torneira e nem energia elétrica.
A cidade tem cerca de 13 mil habitantes e, segundo um
levantamento feito há dois anos pela Prefeitura, tem um déficit habitacional de
718 famílias a espera de uma casa própria. Pessoas que se arriscam a morar em
prédios antigos e abandonados. Em uma antiga escola, por exemplo, hoje moram
seis famílias. O local não tem banheiro e as rachaduras nas paredes assustam.
Um dos moradores é a dona de casa Josefa Severina da
Conceição, que foi beneficiada pelo programa Minha Casa, Minha Vida e, desde
2013, ganhou uma casa na Vila José Honório, mas as moradias, apesar de já
estarem ocupadas, ainda estão inacabadas. As pessoas que estão nas casas desde
o final do ano passado contaram que a promessa da prefeitura era que a empresa
terminaria a obra com eles dentro das moradias. Mas, até o momento, as
melhorias que foram feitas saíram do bolso deles.
Ao todo, 28 famílias já deveriam ter recebido as casas da
Vila José Honório em perfeito estado. Em entrevista, o prefeito Marcos da Roça
explicou que não entregou as casas “não-concluídas”, apenas sugeriu que cada
beneficiado protegesse seu patrimônio, já que o local foi abandonado pela
construtora e havia risco de uma invasão. Ele também falou que o atraso nas
obras se deve há problemas no repasse de recursos federais.
Não é de hoje que a construção da Vila é alvo de polêmica. Em 2012, uma equipe de reportagens da TV Jornal esteve no mesmo canteiro de obras e mostrou a exploração do trabalho infantil. Outro projeto em parceria com o programa federal Minha Casa, Minha Vida, está em andamento na cidade de Chã de Alegria, mas a população já não tem tanta esperança.
Através de nota, a Companhia Estadual de Habitação e Obras de Pernambuco (Cehab) informou que foi aberto um processo administrativo contra a empresa responsável pela construção das casas, pelo atraso no andamento da obra. A empresa foi notificada para apresentar defesa e, até o momento, não se pronunciou. Foi aberto um novo processo de escolha de outra construtora para que seja retomada a obra e a previsão de entrega é ainda no primeiro semestre deste ano.
Fonte: TV Jornal
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