quarta-feira, 2 de março de 2016

LAGRIMAS DE GUERRA SOBRE A TERRA


Lágrimas de guerra sobre a Terra



Gotas de lágrimas caem sobre a terra
Salgam e embaçam - tão amortecidas.
Vêm como torrentes do alto da serra,
Inflamar a morte que nasce na guerra.




Lágrimas de dor de mulheres aos gritos,
Pedem aos anjos  e fiam no reencontro,
No estelar  brilho dos confins do Infinito;
Vai à terra o corpo, a fazer seu claustro!



O senhor da guerra estraçalhou como feras:
Entre espasmo de soluço, o espírito menino,
Os sonhos juvenis de acalentadas primaveras
Quedadas na aurora de um marejar cristalino.


Trêmula a escura terra que se abre fecunda,
Arrancando dum peito o desolado coração,
Como o rastro de guerra é a terra profunda
Feito lama de lágrimas e sangue pelo chão.


A morte sempre assina uma carta de guerra;
A lancinante dor na alma, turva toda a razão...
O envelope pardo a medalha de ferro encerra
Aos pais: uma vida é mero metal e um cartão. 


Filho...! a flor do mal assim que tu morreste,
 Fez tolher a minha vida, em turgida emoção.
E por plantar tanta dor em minhas entranhas,
 Não mais vejo o amor com tanta escuridão!






Mauro Martins Santos

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