"O Grito" - Em contraponto a "Ceci n’est pas une pipe" de René Magritte
Quando René Magritte apresentou seu quadro La Trahison des
Images, ou A Traição das Imagens, com sua legenda, que não por acaso subtitula este texto - "Isto não é um Cachimbo" - o artista reviveu a discussão sobre a
representação na arte! Uma imagem não é uma realidade, é uma reinvenção, um
índice, um símbolo dessa realidade.
A Semiótica (Semiologia) trata todo o existente e o ficcional como símbolos a serem percebidos pelo nosso sistema sensorial. A capacidade de cognição, retenção e interpretação de cada indivíduo afeta o equilíbrio e o desiquilíbrio do universo dos signos. São estes sempre os mesmos, a diferenciação é que fica a cargo da especiosidade, de acordo com sua corrente preferencial e de intensidade.
Portanto, a mim, a arte praticada pelos expressionistas tem um
posicionamento sensorial intimista e subjetivo. Aqui a arte se difere do mundo físico realista. Assim viram Munch e os demais expressionistas. A imagem pode ser de um realismo inconteste (caso do cachimbo) mas sua composição, disposição e intenção, busca a subjetividade. É um cachimbo quase fotográfico, mas não é um cachimbo, é uma pintura, como se lê na sequência deste texto.
Abaixo iremos ver um texto que particularmente posso
inclui-lo no expressionismo literário (desde que lido até o final) - faço
reforço com o pensamento de Pablo Picasso:
“Todos sabemos que a arte não é verdade. A arte é uma mentira
que nos faz compreender a verdade, pelo menos a verdade de que podemos
compreender”
E, eu pretensioso, acrescento algo um pouco diferente ao pensamento de
Picasso:
- A arte é uma ilusão, produzida por um ser em constante construção.
Assim o artista, tem a "licença poética de iludir" docemente: pensando, dizendo
e criando o belo, numa tentativa presunçosa de eliminar com obras de traços e
sons, o feio que brota em nosso jardim.”
Sim, e, muitos dos pintores, iluministas, cubistas, fovistas (do fr. fauvisme) expressionistas e surrealistas... têm obras famosas praticadas sob o estilo (escola, tendência) acadêmica realista.
Sim, e, muitos dos pintores, iluministas, cubistas, fovistas (do fr. fauvisme) expressionistas e surrealistas... têm obras famosas praticadas sob o estilo (escola, tendência) acadêmica realista.
[M.M.S]
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Texto
“O GRITO DE VAN GOGH”*
* Eco no
final...
"Há 120 anos atrás, um homem decide cortar a
sua orelha esquerda, mal sabia ele que seria aclamado por isso. Esse homem era
dado pelo nome de "Vincent Van Gogh. Ele é hoje um dos pintores mais
aclamados de todos os tempos. Mas porque cortou sua Orelha esquerda? Loucura?
Insanidade? Arte? Depressão? Ainda hoje, sabemos de pessoas que se mutilam nos
pulsos, nos órgãos genitais, nos dedos, mas, que sentido faria alguém se
mutilar numa orelha? O que será que passou pela cabeça deste gênio da arte
pós-impressionista?
Se tivesse sido um ato de suicídio, certamente ele daria outra direção à lamina. Por isso podemos concluir que talvez ele se quisesse castigar por algo que teria feito.
Apesar de hoje ser uma pessoa de renome internacional, naquela altura, Vincent Van Gogh, era um ser humano falhado, suas obras não eram importantes, ele não tinha meio de sustento, não tinha família. Era como se ele vivesse sozinho no mundo. E nessa solidão, a orelha, que ouvia desaforos, o incomodava. Então, era melhor cortá-la. Mais de um século depois deste ato que mitifica ainda mais o seu universo, pense se dá ou não uma vontade de cortar as orelhas depois de ouvir as barbaridades políticas, econômicas, sociais e culturais às quais estamos expostos.
Escondam as facas, as tesouras, os canivetes porque eu quero cortar minhas orelhas. Minhas orelhas estão cheias de crise, de fome, de miséria, de roubo, de corrupção, de enchentes, de impostos, de guerra... Dá uma vontade de cortar as orelhas e sair correndo pelos campos de girassóis de Van Gogh e soltar O Grito. Ops, embora esse quadro tenha tudo a ver com o pintor holandês, é uma pintura do norueguês Edvard Munch. O grito de Van Gogh não foi retratado em tela, mas em um gesto. Cortem as orelhas."
Se tivesse sido um ato de suicídio, certamente ele daria outra direção à lamina. Por isso podemos concluir que talvez ele se quisesse castigar por algo que teria feito.
Apesar de hoje ser uma pessoa de renome internacional, naquela altura, Vincent Van Gogh, era um ser humano falhado, suas obras não eram importantes, ele não tinha meio de sustento, não tinha família. Era como se ele vivesse sozinho no mundo. E nessa solidão, a orelha, que ouvia desaforos, o incomodava. Então, era melhor cortá-la. Mais de um século depois deste ato que mitifica ainda mais o seu universo, pense se dá ou não uma vontade de cortar as orelhas depois de ouvir as barbaridades políticas, econômicas, sociais e culturais às quais estamos expostos.
Escondam as facas, as tesouras, os canivetes porque eu quero cortar minhas orelhas. Minhas orelhas estão cheias de crise, de fome, de miséria, de roubo, de corrupção, de enchentes, de impostos, de guerra... Dá uma vontade de cortar as orelhas e sair correndo pelos campos de girassóis de Van Gogh e soltar O Grito. Ops, embora esse quadro tenha tudo a ver com o pintor holandês, é uma pintura do norueguês Edvard Munch. O grito de Van Gogh não foi retratado em tela, mas em um gesto. Cortem as orelhas."
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