quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

COMO CONSTRUIR FRASES, TEXTOS E DISCURSOS, PARA ENGANAR A TODOS E NÃO DIZER NADA

COMO CONSTRUIR FRASES, TEXTOS
E DISCURSOS DE EFEITO, PARA ENGANAR A TODOS E NÃO DIZER NADA.

Como exemplo de texto obscuro, que deve ser evitado em todas as comunicações oficiais, [MANUAL DE REDAÇÃO OFICIAL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA – 2ª Ed. Revista e atualizada – Brasília, 2002].
Transcrevo a seguir um pitoresco quadro, constante de obra de Adriano da Gama Kury 1
 a partir do qual podem ser feitas inúmeras frases, combinando-se as expressões das várias colunas em qualquer ordem, com uma característica comum: nenhuma delas tem sentido! (ou seja, apenas atinge o objetivo do “estelionatário parlamentar”. Como exemplo, uma das frases que “eles” mais gostam de falar é: “estamos viabilizando” (...) a construção de milhares de casas para o povo! O povo fica eufórico.
O que é viabilizar  nesse contexto? É, se ganharem a eleição... ajustarem-se em coligações... pleitearem os postos de maior poder para si e seus apaniguados... verificar as possibilidades de praticar os desvios e de onde virá... retribuir os apoios e financiamentos de campanha... ajustar-se com as empreiteiras... fixar a porcentagem se 20% ou 30% de cada projeto seu que seja aprovado, combinar as propinas... E infalivelmente havendo empresários nas sombras de  empreiteiras corruptas envolvidas com lavagens de dinheiro e contas pelo mundo afora. Isto é em resumo, a ideia política da “viabilização.”

No caso do exemplo das casas ao povo, esta explanação é uma milésima parte da tal “viabilização” para a construção das casas. Acontece, que o mandato já terminou, e, outra eleição chegou. Os políticos em questão, sairão em revoada à cata de votos do povo novamente , dizendo que a oposição barrou seu projeto, que está existindo uma campanha orquestrada para difamá-los, por causa isso, vão precisar de mais um mandato para entregar o prometido.

O POVO ACREDITA E VOTA DE NOVO NELES.

Com as empreiteiras, licitações superfaturadas, caixas dois, propinas, financeiras, marqueteiros e  assessorias de fachada, bancos, doleiros e laranjas, traficantes, contrabandos, apoios a países de governos absolutistas... está tudo ok. Tudo pago com juros e correções monetárias e as máfias e quadrilhas de crimes organizados estão a postos e prontas a financiarem os mesmos políticos outra vez, e novos que entrarem no esquema. SIMPLES ASSIM!
Vem então o governo federal, elaborar um Manual de Redação e Comunicação Oficial em nosso idioma; demagogicamente proibindo que os políticos e escalão governamental usem as frases construídas com fórmulas prontas, de acordo com o que se verá abaixo:

O quadro tem aqui a função de sublinhar a maneira de como não se deve escrever. [NEM FALAR. MUITO MENOS OS POLÍTICOS DISCURSAREM]

1 KURY, Adriano da Gama. Para falar e escrever melhor o português. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989. p.18 - 19.

O quadro consta da obra de Cesare Marchi - Impariamo Italiano “Aprendamos o Italiano” Milão, Rizzoli Ed., 1984,
Elaborado por dois professores universitários italianos no estudo “Prontuário de 
f rases para todos os usos para preencher o vazio de nada”.

Como não se deve escrever
(NEM FALAR, MUITO MENOS DISCURSAR. GRIFOS DO AUTOR)
Como foi dito, pode-se cruzar o termo de cada coluna com o de outra e assim por diante, farão um discurso pomposo, interminável, que não leva a nada e nem diz nada, mas ao povo seu candidato é extremamente comunicativo e inteligente, merecedor de seu voto. Sugestão iniciem com a Coluna A número um, e montem seu ‘FAMOSO E LENDÁRIO DISCURSO” E...FELIZ PERCURSO AO VAZIO DO NADA!
COLUNA A
COLUNA B
COLUNA C
COLUNA D
COLUNA E
COLUNA F
COLUNA G
1. A necessidade emergente
se caracteriza por
uma correta relação entre estrutura e superestrutura
no interesse primário da população,
substanciando e vitalizando,
numa ótica preventiva e não mais curativa,
a transparência de cada ato decisional.
2. O quadro normativo
prefigura
a superação de cada obstáculo e/ou resistência passiva
sem prejudicar o atual nível das contribuições,
não assumindo nunca como implícito,
no contexto de um sistema integrado,
um indispensável salto de qualidade.
3. O critério metodológico
reconduz a sínteses
a pontual correspondência entre objetivos e recursos
com critérios não-dirigísticos,
potenciando e incrementando,
na medida em que isso seja factível,
o aplanamento de discrepâncias e discrasias existentes.
4. O modelo de desenvolvimento
incrementa
o redirecionamento das linhas de tendências em ato
para além das contradições e dificuldades iniciais,
evidenciando e explicitando
em termos de eficácia e eficiência,
a adoção de uma metodologia diferenciada.
5. O novo tema social
propicia
o incorporamento das funções e a descentralização decisional
numa visão orgânica e não totalizante,
ativando e implementando,
a cavaleiro da situação contingente,
a redefinição de uma nova figura profissional.
6. O método participativo
propõe-se a
o reconhecimento da demanda não satisfeita
mediante mecanismos da participação,
não omitindo ou calando, mas antes particularizando,
com as devidas e imprescindíveis enfatizações,
o co-envolvimento ativo de operadores e utentes.
7. A utilização potencial
privilegia
uma coligação orgânica interdisciplinar para uma práxis de trabalho de grupo,
segundo um módulo de interdependência horizontal,
recuperando, ou antes revalorizando,
como sua premissa indispensável e condicionante,
uma congruente flexibilidade das estruturas.


E assim caminhamos até o próximo estelionato político. Muitos a caminho. É só olhar em volta.

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