GIBI HQ - ROCKY LANE
TEXTO DE MAURO MARTINS SANTOS
ROCKY LANE
Quem se lembra deste gibi? Tem uma história (de minha infância) interessante.
Pode ser que em sites e blogs especializados em HQ, possam os leitores aficionados do gênero terem dados bem técnicos. Mas aqui não é esta a intenção. Busco falar, é claro, com todos os que se interessam por curiosidades, independentemente de idades ou épocas.
Sem delongas: Rocky Lane era o nome do artista (podia ser até heterônimo) mas o fato é que ele era o "mocinho" que estrelava os Far West em preto e branco, dos anos 50 (lá nos USA. Como levava cerca de dez anos para os filmes norte-americanos serem rodados aqui no Brasil isto ocorria na década de 60.
Nesse tempo os cinemas que estavam à toda, nem se precisa falar que não existiam vídeos, CDs ou quaisquer outros meios eletrônicos de agora, lotavam as sessões, as filas de entrada eram enormes, para qualquer filme exibido. Uns mais outros menos, dependendo da fama da película cinematográfica.
Com esta breve introdução, podemos voltar a Rocky Lane. Esse gibi, quando saiu nas bancas, "bombou" como se diz em gíria hoje. Por não ter origem em uma ficção quanto ao personagem. As histórias eram histórias, mas a gênese não. As crianças e pré-adolescentes (estes mais) pediam para as mães e írmãs que costuravam, pra fazerem-nos uma camisa igual ao do citado "mocinho". A dita camisa, era até de certa forma simples; em comparação com a de Roy Rogers (espalhafatosa de franjas etc.) ou a roupa negra do Cavaleiro Negro ou (de ainda antes) à roupagem de Hoppalong Cassidy e seu chapéu de copa "sui generis".
Curioso é que cada um dos "mocinhos" tinha um parceiro de aventuras. É claro, o coadjuvante era para ser usado nos "salvamentos" de última hora, nos incêndios em que o herói estava amarrado pelos bandidos, ou para ser enforcado, ainda para chamar "O 7º de Cavalaria" que sempre chegava em tempo de salvar o astro.
A camisa, como dá para se ver, era azul, com listinhas pretas, bolsos de tampa com botões e recorte de "dois bicos" na frete e nas costas. Minha fez uma duas para mim, mas jurou que eram só essas, que nunca mais faria outras. Tal o trabalho que dava os tais recortes.
As sessões de cinema, chamavam-se aos domingos de "matinês" de manhã para os guris menorzinhos, chamava-se "Zig-Zag". As matinês eram às 14:00h, e tinha uma baita fila. Roy Rogers tinha um cavalo com "inteligência" quase humana - o Trigger - que abaixava para Roy montá-lo quando estava ferido pelos índios ou pelos bandidos. Se posicionava para que Roy Rogers pulasse dos telhados e (rs) caia montado em seu lombo e ele partia a desabalado galope.
O cavalo de Rocky, se não me falha a memória se chamava Ciclone.
O primeiro Rocky Lane (de nº 1) foi me dado por meu pai, para me animar. Estava com uma febre muito alta devido ao sarampo ou catapora, não me lembro. Depois passei a comprar os números seguintes. Lia outros também como Flash Gordon (ficção científica interplanetária - imaginem Gordon falava em aparelhinhos do tamanho de meu estojo escolar - que absurdo era aquele, e via ainda imagens e planetas no tipo visor. Ainda falta dizer que Flash Gordon e sua namorada, uma oficial interplanetária falavam em um relógio de pulso !! Era como diria se fosse hoje: "Era muito massa". (rs)
Mas e o Rocky Lane? O tempo consumiu com ele. Não só esse gibi ou astro cowboy do cinema "far west", mas todos os demais: Buck Jones, Bill Elliot, Cisco Kid, Apache Kid, Tim Holt (cowboy que virou também gibi) Zorro (o americano) e o Zorro (mexicano), ambos mascarados e com o mesmo naipe de parceiros e cavalos "inteligentes" Durango Kid, o índio Flecha Ligeira (figurando na imagem da capa em questão).
Em meu tempo, os professores faziam verdadeiras tropa "dessas de choque e patrulhamentos contra a leitura dessas "porcarias". "Quem lê gibi fica burro, não aprende mais ler livros, só aprende o que não presta" e, por aí se ia...
Hoje, sabemos que era um resquício da dizimação dos indígenas com o avanço para o oeste norte-americano e consequente tomada das terras indígenas, onde se cometeram barbaridades - que é completamente outro assunto.
Além disso o que é mais patente é que as crianças daquela época brincavam com revólveres de espoleta no cinto (dois coldres) com a maior normalidade. Os que faziam papel de bandidos tinha que cair "mortos" imediatamente após o estouro da espoleta. Era uma "imaginação-real", ora, eram revólveres que estouravam iguais aos dos "mocinhos" e os "índios" e "bandidos-celerados" tinham que morrer. Outros eram amarrados em postes ou casas abandonadas.
Certa feita, esquecemos de um amiguinho que ficou amarrado em uma cerâmica abandonada, e somente altas horas da noite, mediante os gritos do guri acorreram pessoas e o desamarraram. A mãe do garoto já estava em pânico, às vias de um choque nervoso. Ninguém achava seu filho...
Os "vingadores" e "justiceiros" calaram o bico, pareciam políticos, ninguém sabia de nada! É lógico, a lei familiar e paterna era rígida. Não tinha esse negócio de chamar de agressão correção paterna.
Como veem um capa de gibi (restaurada nessa edição) mas de história antiga, deu o que falar. Mais isso: o HQ, atualmente é uma forma de arte completa e vista com outros olhos por educadores e artistas das letras, das artes plásticas, da fotografia e computação. O que vem resultando em obras de alto teor artístico e excelente veículo de divulgação de idéias , somadas à animação de longas metragens cinematográficas.
Um comentário:
MEU NOME É PRIMAGGIO MANTOVI E SÓ TENHO A LHE AGRADECER, MAURO MARTINS SANTOS, JÁ QUE SOU O PRODUTOR INDEPENDENTE QUE REALIZA ESTA E OUTRAS PUBLICAÇÕES (COMO REIS DO WESTERN E CINE QUADRINHOS, PARA AQUISIÇÃO PELA INTERNET)SOBRE OS COWBOYS DO PASSADO! FORTE ABRAÇO, PRIMAGGIO
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