sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

AVES DO BRASIL - SABIÁ LARANJEIRA

Sabiá-laranjeira

Ave símbolo do estado de São Paulo, também considerada ave símbolo do Brasil (apesar de muitos contestarem alegando a ararajuba como a representante brasileira), o sabiá-laranjeira, também conhecido como sabiá-cavalo, sabiá-ponga, piranga, ponga, sabiá-coca, sabiá-de-barriga-vermelha, sabiá-gongá, sabiá-laranja, sabiá-piranga, sabiá-poca, sabiá-amarelo, sabiá-vermelho e sabiá-de-peito-roxo, é uma ave popular, citada por diversos poetas como o pássaro que canta na estação do amor, ou seja, na primavera. Foi imortalizado na “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias, juntou-se oficialmente aos outros quatro símbolos nacionais – a bandeira, o hino, o brasão de armas e o selo, passando a ter a mesma importância deles na representação do Brasil em 3 de outubro de 2002, por decreto do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Segundo o ornitólogo Johan Dalgas Frisch (mentor do decreto de 3 de outubro), são 12 as espécies de sabiás no Brasil, sendo que o pássaro assume outras denominações em regiões diferentes. Assim, ele tanto pode ser caraxué (Amazonas), sabiá-coca (Bahia), sabiá-laranja (Rio Grande do Sul) e ainda sabiá-de-barriga-vermelha, sabiá-ponga e sabiá-piranga em lugares diferentes.
Seu nome significa: do (latim) Turdus = tordo; e rufi, rufa; rufus = castanho, vermelho; em ornitologia rufus, rufa e rufum cobrem um amplo espectro de cores de amarelo, laranja, marrom, vermelho e roxo. eventer, ventris = ventre, barriga; - (Tordo com a barriga castanha).
Em tupi Sabiá significa “aquele que reza muito”, em alusão à voz dessa ave. Segundo uma lenda indígena, quando uma criança ouve, durante a madrugada, no início da Primavera, o canto do Sabiá será abençoada com muita paz, amor e felicidade.
No Brasil podem ser encontradas outras espécies de sabiá, tais como:sabiá-unasabiá-barrancosabiá-pocasabiá-coleirasabiá-do-banhado,sabiá-da-praiasabiá-gongásabiá-do-campo, entre outros, embora estas últimas quatro espécies não pertençam ao gênero Turdus e consequentemente à família Turdidae.

Características

Mede 25 centímetros de comprimento e o macho pesa 68 gramas e a fêmea, 78 gramas. Templumagem parda, com exceção da região do ventre, destacada pela cor vermelho-ferrugem, levemente alaranjada, e bico amarelo-escuro.
É ave de canto muito apreciado, que se assemelha ao som de uma flauta. Canta principalmente ao alvorecer e à tarde. O canto serve para demarcar território e, no caso dos machos, para atrair a fêmea. A fêmea também canta, mas numa frequência bem menor que o macho.
canto do sabiá-laranjeira é parcialmente aprendido, havendo linhagens geográficas de tipos de canto, e se a ave conviver desde pequena com outras espécies, pode ser influenciada pelo canto delas e passar a ter um canto “impuro”.
Além do belíssimo canto , a ave também usa de outros sons : o chamado comum é um “ga…ga-gá'-ca” lembrando uma galinha , geralmente seguido de assobios territoriais decrescentes e terminando em notas mais longas que no começo ( fi-fi-fíu-fíu-fíu-fíu-fiúu-fiúúu ) . Tem canto de alvorecer também , canta nos horários de nascer do sol e pôr do sol ( Tíu-wé , ou , Tiiêu-wah ) .

Indivíduos com plumagem leucística

O que é leucismo?
O leucismo (do grego λευκοσ, leucos, branco) é uma particularidade genética devida a um gene recessivo, que confere a cor branca a animais geralmente escuros.
O leucismo é diferente do albinismo: os animais leucísticos não são mais sensíveis ao sol do que qualquer outro. Pelo contrário, são mesmo ligeiramente mais resistentes, dado que a cor branca possui um albedo elevado, protegendo mais do calor.
O oposto do leucismo é o melanismo.

sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris)

sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris)

sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris)

sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris)

sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris)

sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris)

sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris)

sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris)

sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris)

Indivíduos com plumagem albina

O que é albinismo?
O Albinismo se caracteriza pela perda total dos pigmentos, tanto da melanina quanto dos carotenoides, podendo ocorrer em todo o corpo ou em partes dele. Diferentemente do leucismo, onde apenas as penas perdem a coloração, o indivíduo albino apresenta-se com coloração branca, bico e patas mais claros e os olhos, por não possuírem coloração, apresentam a cor vermelha dos vasos sanguíneos. Um indivíduo albino possui baixa resistência, principalmente ao sol, apresentando visão mais fraca e, às vezes, fotofobia.

Indivíduos com plumagem flavística

O que é flavismo?
Flavismo é a ausência parcial da melanina (nesse caso ainda pode ser observado um pouco da cor original da ave), porém presença de pigmentos carotenoides. A ave flavística ou canela se apresenta com a coloração diluída, devido à perda parcial de melanina, tanto da eumelanina (pigmento negro) quanto da feomelanina (pigmento castanho).

sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris)

sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris)

sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris)

Subespécies

T. r. juensis
No Nordeste brasileiro. O ventre tem uma cor mais clara que os exemplares do Sul/Sudeste.

T. r. juensis
T. r. rufiventris
No Sudeste e Sul do Brasil. O ventre possui uma cor vermelho-ferrugem, levemente alaranjado bem forte.

T. r. rufiventris

sabiá-laranjeira adulto

sabiá-laranjeira jovem

Alimentação

Sua nutrição se compõe basicamente de insetos, larvas, minhocas e frutas maduras, incluindo frutas cultivadas como o mamão, a laranja e o abacate. Come coquinhos de várias espécies de palmeiras e de espécies introduzidas, como o dendê. Cospe os caroços após cerca de 1 hora, contribuindo assim para a dispersão dessas palmeiras, comportamento apresentado também por outros sabiás. Ração de cachorro também atrai esta espécie, podendo servir de alimento em cidades grandes com menor disponibilidade de alimentos naturais. Aprecia os frutos do tapiá ou tanheiro (Alchornea glandulosa).

sabiá-laranjeira se alimentando

Reprodução

Pode fazer seu ninho em beirais de telhados. A construção de ninhos pode se tornar confusa em certas ocasiões: quando o local escolhido é formado por vãos entre numerosos suportes iguais de um telhado, o sabiá-laranjeira pode construir vários ninhos ao mesmo tempo, por confundir os vãos.
O ninho é feito entre setembro e janeiro, geralmente em arbustos, árvores de folhagem densa ou bananeiras, empregando fibras e gravetos ligados por um pouco de lama, num formato de tigela funda. Por dentro são revestidos de materiais mais macios como hastes de flores e capim. A fêmea choca até 3 vezes por ano, e em cada postura coloca de 3 a 4 ovos, de coloração verde-azulada com pintas (ou manchas) cor de ferrugem (sépia). O período de incubação dura em torno de 13 dias. Macho e fêmea se revezam na construção do ninho e na alimentação dos filhotes.

Casal de sabiá-laranjeira

Ninho de sabiá-laranjeira

Ovo de sabiá-laranjeira

Filhote de sabiá-laranjeira

Hábitos

É comum em bordas de florestas, parques, quintais e áreas urbanas arborizadas. Vive solitário ou aos pares, pulando no chão. Em regiões mais secas é, de certa forma, restrito a áreas próximas à água.
É uma ave que convive bem com ambientes modificados pelo homem, seja no campo ou na cidade, desde que tenha oportunidades de encontrar abrigo, alimento e água.
Na natureza, é encontrado em casais e grupos familiares quando em processo de criação. É uma ave de ambientes abertos, preferindo viver em bordas de matas, pomares, capoeiras, entorno de estradas, praças e quintais, sempre por perto de água abundante. É um pássaro territorial: demarca uma área geográfica quando está em processo de reprodução e não aceita a presença de outras aves da espécie. Começa a cantar antes mesmo de clarear o dia. O sabiá-laranjeira vive até 10 anos (na natureza).

Bando de sabiá-laranjeira

Predadores


coruja-orelhuda (Asio clamator)

Distribuição Geográfica

Presente do Maranhão ao Rio Grande do Sul, é o sabiá mais conhecido do Sudeste, sendo menos numeroso no Nordeste. Migra para regiões mais quentes no inverno. Encontrado também na Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai.

  Ocorrências registradas no WikiAves

Referências

  • GARCIA, R. 1929. Nomes de Aves em Língua Tupi. Boletim do Museu Nacional 5(3): 1-54

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