sábado, 1 de agosto de 2015

AS ROSAS DA VIDA - POEMA EM PROSA


AS ROSAS DA VIDA
Publicado por Mauro Martins Santos
em 9 julho 2015 às 22:27 em Poema Livre




















 AS ROSAS DA VIDA

Revivi o cenário outra vez
Quando ali girava adolescente nosso mundo
Um amor tão longe envolto em névoas,
Que foi presente e o tempo o desfez...
O meu fremido desejo mais profundo

Teus olhos castanhos de brilho constante 
Linda boca que se entreabria brevemente
Ao passares, ao teu jeito me olhavas
Cenário fugaz de nosso mundo adolescente,
Ó ironia da vida e das coisas do amor...
Teu peito arfando, o rosto uma rubra flor,
Qual num encanto encerrada em eterna dor
Pois, eis que contigo não me importava;
 Após te transformaste, descobriste a beleza
Que em ti estava tão pronta e latente
 Guirlanda de flores a transformou em esplendor.

Tu passavas e de lindo jeito me olhavas,
A beleza em breves sorrisos, sempre calada,
Teu ar misterioso me explodiu em amor...
Ó ironia da vida, pelo amor que origina a dor...
Amor curioso - como seria seu franco sorriso?
Esse ar calado, mas não era tristonho...
Alimentavam-me os incessantes desejos
Atormentavam-me as noites em sonhos,
Onde está ela agora, que ela faz,
Canta, dança, sorri, tua imagem que é minha ela desfaz?
Ó ironia da vida e dúvidas das coisas do amor...
Sem ela um minuto, o coração não se satisfaz
Caído frente a beleza e tua personalidade
Altiva, orgulhosa, mas me amava, me amava...
A vida e suas peças: queria vê-la sorrindo...
Não só a vi sorrir, também ria e ironizava,
A falar um dia, que não mais me queria
A quem só te queria amar e amar... ó ironia!


Hoje, séculos já se passaram;
Relembrarás meu amor e teu fiel desdém,
Transformaste-me num ser tristonho a vagar;
Tu ao ficares velhinha, sem um alguém para amar,
Cosendo os retalhos dos tempos que eram belos,
Sentada ao pé do fogo, estando só, sem ninguém,
Relembrarás meu amor e vosso fiel desdém
Sobre meus ombros mortos porei minha saudade
Quanto por ti - em cruel paixão erigi castelos,
O quanto te amei... Não há mais palavras...
Você será sob a terra um fantasma qualquer,
Em sua tumba, enegrecida, as flores murcharão.
Só receberas sombria presença, em horas mortas,
Da amargurada visita de quem tu só torturaste.
Às vezes pergunto por que tu me arrebataste
Tiveste a jovem certeza de poder fazer-me te amar...?
Ó ironia da vida e dor que me perduraste
Amar e me amar para simplesmente abandonar!

Naquele distante milênio de nossa juventude,
Perguntas eu fiz, sonhei muitas outras vezes,
Com os teus olhos brilhantes, luminosos,
Para mim concorriam com o sol em esplendor;
Esmagando no peito e na alma a dor de tuas ironias
De meu amor deserto de teu amor, na angústia árida,
Agora plantada num jardim desfeito chamado passado;
Envolvido pela lembrança das flores: doces palavras
Proferidas por mim sem eco no profundo vale da desilusão.
Tão bem cultivastes no desprezo e no desdém,
Que juro por tudo que creio, pensava... De onde isto vem?
Vivenciar tal pesadelo - creio ninguém viveu!
Em atinar uma vida inteira, a transformação
De anjo em demônio, sem motivo, sem causa ou razão...
Tão tolo querendo a entender, com insistência, a procurava...
Assim fiz de um profundo abandono, nova vida e coração.

Cego por meus passados sentimentos irreais,
Sem olhos para aquela outra real criatura
Aquela que passava, olhava-me sorrindo, e sorrindo falava,
Sem mistérios; sem ocultos intentos a reverter;
Tudo que a crueldade e ironia roubaram da ternura,

Esta era uma só em todo lugar, emanava perfume da flor;
Àquela que uma única flor era uma declaração de amor.
A palavra tristeza, muito menos ironia, ela desconhecia,
Calar-se por quê?  Se a vida era bela e podia me amar
Ganhar somente em troca uma palavra, meu possível amor...
Ficava a sorrir e me olhar sem nada pedir ou esperar
Por aquela sofrendo, esta eu deixava de ver... de admirar.
Hoje canto toda a felicidade de com ela estar
  E um belo jardim de rosas a cultivar

Com as dúvidas dispersas, os sonhos florindo na estrada da vida,
O bem existe; evitando este tão belo quanto traiçoeiro sentimento:
A paixão celerada - que a alma cega - na busca do caminho,
No rastro luminoso do amor e do verdadeiro ninho;
O mal existe na alma perversa, sem explicação,
Enganamo-nos, a beleza às vezes nos tolhe a razão,
Desnorteia-nos, atira-nos fora da estrada num faiscar de momento.
Colocamos a felicidade onde a imaginamos
E não a pomos nunca no lugar onde estamos;
Relegamos pela paixão a paz à nossa alma em desalinho
A mente um mistério, camuflado da beleza por nós elegida,
Acomete-nos de loucura, deliramos acordados, para o fim do caminho,
Diferente de estarmos enamorados, em paz em com nossa vida, 
Ao lado nosso amor que tranquila e calma
 Vive, a dar-nos calor porque é amada e querida,

Para colhermos hoje, as rosas da vida!

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