PROCISSÃO DO ADEUS
Hora da partida, do último apito do velho chefe de estação. O
esfumaçado derradeiro vagão se dilui no bruxuleante mormaço que flui das pedras
e do aço dos trilhos.
Lenços brancos abanando nas janelas dos vagões são engolidos pelo horizonte que
desconhece os dramas, as tristezas e alegrias das vidas que leva embora, e das
que ficam na plataforma...
Vão-se embora como em “Procissão do Adeus”, carpem sentidamente por um sinônimo
que se diz Partida.
Alguém não vai embora seguindo a "procissão". Já foi moço, um
belo rapaz cheio de sonhos a dividir. Hoje está velho, muito velho e cansado; mas continua esperando por aquela de mãos tão brancas, longos dedos, chapéu de
flores, riso leve e um tanto tristonho, que parece há milênios lhe abanou seu
lencinho branco em despedida...
Único e primeiro amor de sua vida, que partiu e
ele continua esperando sua volta...
Ela partiu, mas ele é alheio aos que lhe
dizem por compaixão: que ela se foi para a mais longa das viagens !
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