sexta-feira, 4 de outubro de 2013


                                         PAPO DE JOGADORES DE FUTEBOL
Desde criança a paixão pelo futebol.
Vale tudo bola de meia, de borracha, laranja...tudo que é
   redondo ou rola
 

                        Essa conversa todo mundo já ouviu e muitos até já sabem de cor. Eu vou apenas apresentar uma “reprise” daquilo que ouvimos desse pessoal que ganha dinheiro chutando, e às vezes maltratando a bola. Parece uma repetição, uma gravação, um papo monótono, mas às vezes é engraçado até pela falta de originalidade.

                        Quando o time perde, geralmente ninguém gosta de dar entrevistas, mas sempre sobra para alguém, que fala em nome do grupo. E o que ouvimos é mais ou menos isto: “O juiz prejudicou o nosso time; ele inverteu muitas faltas e deu cartão sem motivo, e deixou de marcar aquele pênalti claro... Mas agora é levantar a cabeça, trabalhar esta semana já pensando no próximo jogo. O professor já está ciente do que precisa fazer e vai preparar o nosso time...” A conversa chega ao fim, mas não convence ninguém – e o jogador vai correndo para o vestiário. O repórter encerra a matéria e devolve a bola para o narrador ou apresentador que, imediatamente, chama os comerciais. Assim termina o jogo, mas os motivos alegados para a derrota são muitos e os assuntos vão durar pelo menos uma semana ou até o próximo jogo.

                        Quando o time ganha, geralmente todo mundo quer falar, desde os jogadores até o treinador que aparece na televisão ao lado do presidente do clube. Ninguém critica o árbitro nem os bandeirinhas por mais que eles tenham errado contra ou a favor. Todos estão motivados e se sentem os maiorais dentro e fora do campo. O treinador posa diante do nome dos patrocinadores e uma fila de repórteres aguarda para perguntar e ouvir quais os planos e as expectativas em relação à próxima partida. Todo mundo está feliz. Ganharam mais três pontos, subiram na tabela, já estão no G4, ou já saíram do Z4 e as perspectivas são as melhores possíveis. O treinador responde uma pergunta, outra, mais outra e dá um sorriso pleno de satisfação e até faz uma piadinha sem graça para descontrair a todos. Como é bom ganhar, como é bom liderar e ver os adversários ficarem para trás na tabela de classificação! Chega até a ser emocionante.

                        Na vida desses boleiros acontece de tudo. Tem muitas histórias que até já viraram livros e provocaram boas gargalhadas. Tem uma frase que já ouvi muito e acho muito engraçada: O jogador reclama do seu time: “Assim não dá. Nós tomamos gol de bola parada. Isto não pode acontecer mais”. Gol de “bola parada?” – isto é impossível, pois todo gol é feito com a bola em movimento. Não existe “gol de bola parada”. Mas ainda ouvimos muito este disparate. Outro diz mais ou menos assim: “Nós tomamos um gol bobo. Assim não dá; é preciso ter mais cuidado”. Tomar um gol bobo... O que é um gol bobo? Todos os gols são iguais. Não existe gol bobo nem gol esperto.  Bobo deve ser o jogador que falhou e assim permitiu que o adversário fizesse o gol. Ah, tem aquela do jogador que é expulso de campo e resolve desabafar: Ele geralmente diz assim: “Eu não fiz nada, eu só encostei nele; eu fui na bola...” Ninguém acha justa uma expulsão, mesmo que tenha quebrado ou arrancado a perna do adversário. É por isto que o futebol é tão apaixonante e popular: ele é a cara do povão. Não há nada mais fantástico e mais envolvente do que o futebol. É tão envolvente que têm pessoas que preferem assistir o futebol a namorar ou fazer algo ainda mais agradável. E têm muitos que perdem a namorada por causa do futebol. Isto que é paixão! E viva o nosso futebol pentacampeão!

 

            Cícero Alvernaz (Membro da Academia Guaçuana de Letras)

            Mogi Guaçu, 31 de julho de 2009.

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