terça-feira, 16 de janeiro de 2018

VELHA CASA DE IMIGRANTES


CONCURSO VIRTUAL DE POESIA REGIONALISTA  
- CURADORA DO SITE LITERÁRIO- PEAPAZ - DRª SÍLVIA MOTTA  MEMBRO DA ACADEMIA BRASILEIRA DE ESCRITORES VIRTUAIS -
http://silviamota.ning.com/profiles/blogs/5503497:BlogPost:890172
Coordenador do Grupo Poesia Regional comentou a postagem no blog título:

“VELHA CASA DE IMIGRANTES”
Autoria:

Mauro Martins Santos
Certificada

Reconhecida
NO CONCURSO VIRTUAL DE POESIA REGIONALISTA  
CURADORA DO SITE LITERÁRIO - PELA DRª SÍLVIA MOTTA - MEMBRO DA ACADEMIA BRASILEIRA DE ESCRITORES VIRTUAIS)
Prof. Marco Bastos
Coordenador do Grupo Poesia Regional
comentou a postagem no blog título:

Adicionou uma DISCUSSÃO ao grupo Poesia Regional
Coordenadoria do Grupo Poesia Regional a postagem no blog, título:
“VELHA CASA DE IMIGRANTES”
Autoria:

Mauro Martins Santos
RECONHECIDA COM
TRAÇOS CULTURAIS AUTÊNTICOS DA POESIA REGIONAL.
http://silviamota.ning.com/profiles/blogs/5503497:BlogPost:890172

_________________________________________
Prof. Marcos Bastos
- Coordenador do Grupo de Poesia Regional
19/09/2014
___________________________________
Dra Silvia Mota
Academia Brasileira de Escritores Virtuais

TÍTULO E ENDEREÇO DO TEXTO: VELHA CASA DE IMIGRANTES,
RECANTO DAS LETRAS e PEAPAZ





VELHA CASA DE IMIGRANTES

Nas ruinas da tapera* abandonada
de pedra, construção sobradada,
sinistro silêncio ali fez morada.
O musgo de suas paredes úmidas,
gotejando parece até que chora.

O jazer da alegria, ida e fúlvida,
que um dia foi ali acomodada.
Algazarra, no correr de crianças,
a pequena menina de tranças,
tem sua foto na sala pendurada.

Seus pais: Luigi e Amábile e avós,
Joseph e Giusephina; no pequenino,
velho, ermo e musgoso cemitério,
foram enterrados à beira da estrada,
há muito nada são além do que pós!

Na paisagem nem mais um nada,
só o vasto contraponto dos éreos
nas rotas sepulturas abandonadas,
silentes qual fosse um eremitério!

Alojam-se corujas nas ramadas,
nos esqueletos de árvores e forquilhas,
aves de agouro nas tumbas escurecidas,
nada mais no ar, senão delas as tropilhas.

O varrer do vento frio da paragem
desta estância há muito esquecida,
eleva brumas em meio à densa friagem.

II
Antigos membros desta velha estância,
pelo mundo e pela vida; sairam andejando,
rastos de segredo e mistério foram deixando:
dor, desalento, desilusão de amor mourejando,
e como névoa que foge, se perderam na distância.

Lembrados em relances com saudade
a parentela: sobrinhos, cunhados e irmãs,
sem se virar largando todos os escombros,
tais lembranças ficaram legadas à eternidade,
os pomares de uvas, os pêssegos e as maçãs.

Todos se foram sem olhar por cima dos ombros,
por causa e razão de desdita e próprio desatino,
alí de tudo viveram, viram e não se esqueceram:
os nascimentos, as festas, bailanças, pane e vino,
do riso, da alegria dos irmãos e das jovens mães.

Abraçando cada um deles, feliz seu próprio destino:
As fornadas de pães retiradas e as mulheres cantando.
Nas lutas do campo, ao cuidar das uvas, de sol a pino,
não esqueceram o sofrimento que muitos padeceram.
Abraços, beijos sinceros: os casais viviam se amando!

Planos futuros ao pé da lareira, sentindo-lhe o calor.
Segredos,planos, sonhos, mistérios e desejos...
Genaro e Giovanna, o casal se amava com muito ardor.
Giovanna era a guria do retrato; a menina de trança.
'Feliz seria em lugar qualquer com ensejo e esperança!'

III

Fogão de lenha, na cozinha a família reunida,
Queijo, vinho, a fornada de pães,
mesa farta, salames, muita comida.
O tempo passou como tudo passa nesta vida.
A imigrante italiana Gioconda; um dia apareceu...
em uma das levas para o Sul que aconteceu

na imigração de italianos e alemães,
de Genaro na Itália ela era a primeira namorada,
desde adolescente Gioconda foi muito mimada.
O gênio da ragazza, não era coisa qualquer...
Imigrante, estava finalmente recém-chegada.
Genaro nunca se ausentou de sua lembrança,
Gioconda jurava que iria ser sua mulher.

IV
Pela família e por Genaro, ela foi recebida.
Giovanna da história nada sabia,
sua vida a Genaro era tão feliz e unida.
De repente seu sonho um pesadelo seria!
Gioconda ardilosa, à Giovanna contou
em detalhes, e no que pode tudo aumentou:
que seu relacionamento na Itália se consumou.

Este é o filho de Genaro, que fiquei esperando...
Trazendo um picolo bambino ao seu lado.
Genaro realmente fora seu namorado...!
Por isso, sem respostas ficou embasbacado.
A "menina loura de trança", viu-se despedaçada,
sentada naquela mesa, por ele mesmo lavrada,
Se viu só! Carregando seu filho pequena criança...

olhando a foto loura, da menina de trança,
de seus olhos azuis, uma lágrima rolou.
Um soluço pungente seu peito atravessou.
Aquela mulher magra, loura, alta e bonita,
foi muito forte, caminhando a passo lento:
-Teria outra vida, após malfadada desdita?
Rumou firme pela estrada onde a levou o Vento.

Ajeitou-se com a criança, enrolou-se ao cachecol.
Vestiu o velho poncho, e se pôs com fé a rezar.
De a pé, encolhida como se fosse um caracol.
Aos poucos foi sumindo na paisagem nublada,
bem ao tempo em que começara a nevar.
Ele não a chamou. Isso lhe fez a história confirmada.
Assim ali ocorreu, o último Inverno que a viu passar...
                                         <()>

Giovanna deixou um bilhete para Genaro, sobre a mesa lavrada por ele, com estas palavras apenas:

Ricordare che tutto ha l'impronta di Dio.
[Lembre-se que tudo tem a impressão digital de Deus.]

                                      <><><>



* TAPERA - s. Casa no campo, rancho, qualquer que seja o tipo de habitação, grande ou pequena, que esteja abandonada, quase sempre em ruínas, com partes às vezes destruídas, algumas paredes em pé e um arvoredo que se vê que é bem velho.// adj. Diz-se da morada deserta, inabitada, que passa a quem lhe olha uma certa tristeza, pondo a mente a cismar: quem ali viveu, quais sonhos tiveram, o que os levou a abandonar tudo, por onde andam agora... // V. a expressão andar como gato em tapera.


"Da tapera
Foi agasalho e morada,
colmeia de vida humana.
Última e só! Abandonada
concentra nessa campanha
toda solidão estranha
de um que sofre e não diz nada.
Leito de um rio que secou,
Recuerdo do que existiu:
- o que era corpo - fugiu!
Mas o que era alma -  ficou..."
(Aureliano, Romances de Estância e Querência, p.127)

Cai a noite
Na várzea do campo...
Tudo é silêncio
Na invernada;
Nem mais um piscar
De pirilampo,
Nem mais um mugido
Da boiada...
É só tapera, tapera!
... E mais nada ...!
(Cleber Mércio, Última Tropeada, p.118)

Nenhum comentário: