terça-feira, 31 de outubro de 2017

TU DEVIENS RESPONSABLE... Saint-Exupéry

De: ZGUIOTTO
Para : santos.mauro@yahoo.com.br
Domingo, 29 de outubro de 2017

Mário Quintana

“Tu deviens responsable pour toujours de ce que tu as apprivoisé"

"O Pequeno Príncipe", inédita tradução de Mario Quintana 


Inédita há quase sete décadas, tradução de Mario Quintana para "O Pequeno Príncipe" é publicada Dulce Helfer / Divulgação Obra do poeta gaúcho ficou esquecida na gaveta até editora descobri-la entre outros papéis. Depois de quase sete décadas engavetada, a versão de Mario Quintana para um dos clássicos da literatura infantil universal poderá ser finalmente conhecida. Acaba de chegar às livrarias a tradução de O Pequeno Príncipe, de Saint-Exupéry (1900 – 1944), assinada pelo poeta gaúcho. 
O texto deve ter sido preparado por Quintana entre o final dos anos 1940 e início dos 1950, época em que a Gallimard, editora do volume original em francês, esteve aberta a propostas de publicadores brasileiros. 
A Melhoramentos, que contava com Quintana no seu time de tradutores, entrou no páreo, mas quem levou a melhor nas negociações foi a Agir, que lançou o sucesso editorial em 1952. Foi assim que o Brasil conheceu a tradução de Dom Marcos Barbosa. Já a de Quintana ficou inédita até agora. – A tradução de Quintana ficou guardada, esquecida. Nos anos 1980, os editores da Melhoramentos resolveram fazer uma faxina na empresa, aí descobriram essa versão do Quintana entre outros papéis. 

Mas foi preciso esperar mais 30 anos, até que a obra entrasse em domínio público, para que finalmente fosse publicada – explica o poeta Armindo Trevisan, amigo de Quintana e responsável pelo prefácio, notas de rodapé e glossário do volume.   
O clássico entrou em domínio público em 2015, no entanto a Melhoramentos segurou a publicação até agora para não competir com a avalanche de edições que chegaram ao mercado. 

De lá para cá, quase uma dezena de editoras passaram a trabalhar a obra, com traduções de nomes conhecidos na literatura brasileira, como Frei Betto (pela Geração Editorial) e Ferreira Gullar (Agir). Trevisan não gosta de comparações entre tradutores, mas afirma que o poeta gaúcho encontra soluções mais criativas para alguns trechos do livro: – Pela agilidade do fraseado, pela melodia e pela naturalidade com que o livro flui, temos a impressão de estar lendo um texto transparente, com um estilo muito parecido com o do próprio Saint-Exupéry. 

Muito conhecida na tradução de Dom Marcos, a frase "tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas", foi reescrita por Quintana como "És responsável, para sempre, pelo que domesticaste". Para Trevisan, trata-se de uma tradução correta, mas que deixa de lado o encantamento do verbo "domesticar",  da frase original em francês: “/ Divulgação Para muitos leitores, a faceta de tradutor de Quintana é desconhecida, mas foi a principal fonte de sustento do autor por mais de 20 anos. Entre 1934 e 1955, trabalhou para a editora Globo, traduzindo Proust, Balzac, Voltaire, Graham Greene, entre outros. – Há muitas anedotas acerca da vida de tradutor de Quintana, mas a verdade é que era um perfeccionista, dedicado ao trabalho. Falava fluentemente francês e espanhol, mas chegou a traduzir também do inglês, aprendendo a partir do dicionário. Tinha o gênio do poeta para dar correção e musicalidade ao que traduzia – avalia Trevisan. Três olhares “Tu deviens responsable pour toujours de ce que tu as apprivoisé (domar, domesticar)” Representava uma jiboia que digeria um elefante. Desenhei o interior da cobra para que os adultos pudessem compreender. Eles estão sempre querendo explicações." Tradução de Mario Quintana "O meu desenho não era nenhum chapéu. Era o desenho de uma boa digerindo um elefante. Mas como os grandes não podiam compreendê-lo, eu fiz um outro desenho: desenhei o interior da boa, de modo que eles pudessem ver claramente. Os grandes sempre precisam que a gente lhes explique as coisas." __________________________________________________________

REPORTAGEM POR:  Alexandre Lucchese 29/10/2017 - 14h21minAtualizada em 29/10/2017 Fonte: https://gauchazh.clicrbs.com.br/cultura-e-lazer/livros/noticia/2017/10/inedita-ha-quase-sete-decadas-traducao-de-mario-quintana-para-o-pequeno-principe-e-publicada-cj9crpq9h02rq01pjw3hwpnxm.html

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

NA VERDADE...




O nativo contempla esse céu e vê sua impotência.
Nenhum rito, xamã, amuleto e danças o irão salvar.



NA VERDADE...

Na verdade é o pensamento corrente:
Quem está apto a sobreviver somente
Na Natureza, é o forte ou o inteligente,
Mas, o que mais apresenta a condição
É aquele que se adaptou ao ambiente...

Na verdade mesmo, no entanto, não se vive
Em modificação radicalizada do ecossistema,
E do problema as nações todas estão cientes...
O mais forte dos fortes trôpego vai se tornar.
Os cientistas renomados, os mais inteligentes,
Potestades, sábios, não haverá sobreviventes.

A fuligem secciona o esqueleto da última serpente,
Com o esqueleto do último pássaro na boca estará
Nos ramos tortuosos da árvore morta pela radiação
Não restará no meio natural  nenhum sobrevivente
O ar se tornará ácido, o céu cor de chumbo e cobre,
Raios atômicos cruzando -  aquele outrora céu azul.

O nativo contempla esse céu e vê sua impotência.
Nenhum rito, xamã, amuleto e danças o irão salvar.
O rio dantes piscoso, peixes mortos envenenados,
Pelo chorume escuro de odor nauseante de usinas,
Que pelos tanques danificados  ajudaram a dizimar,
Tudo vira um mundo imundo, incapaz de se habitar.

Pensar nas crianças se torna um horrendo desgosto
A Terra dizimada povoada só por pragas. As baratas,
Resistentes à poeira nuclear; últimas aves de rapina;
Ratos e morcegos. Ao homem neste mundo oposto,
Morre sufocado, por culpa das obscuras negociatas.
Nada ficará: nem colarinho branco, jaleco ou batina...
                   














No entanto, oremos para que dos campos venham
Os anseios de paz, que possam falar  à consciência,
Projeções onde a catástrofe de um Fim lhes revele:
Tempo onde reside a extensão de nossas emoções,
Para que a breve vida humana junte-se à coerência,
Para a Eterna Obra Infinita ocupar nossos corações!!








Fala-se muito sobre impactos cósmicos, a mídia nos amedronta com histórias sobre meteoros maiores que a cidade de são Paulo ou Nova York, e é verdade...Mas uma causa de exponencial perigo - sem contestação por possível à nossa aniquilação total - está aqui mesmo, no nosso planeta e bem debaixo de nossos pés: os mega empresários, os bilionários da especulação quer imobiliária, pecuária, petrolífera, extração de minérios, etc. Imediatistas, pragmáticos, gananciosos, serão nossos verdugos, a levar ao cadafalso da morte o planeta Terra. Claro as guerras e os efeitos atômicos ajudarão bastante.

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

SEM AMOR NA ESCURIDÃO















Sem amor na escuridão

Um amor quando é grande o suficiente
Espera aquilo que outro não pode ver,
Ciente na espera é benigno e paciente.

Tem esperança naquilo que parece irreal
Aos olhos e sentidos das demais pessoas;
Tal amor é suficiente, consciente e real...

Na espera tudo crendo, reside seu valor.
Não nos jactemos de conquista no amor,
Por não ser obra nossa senão do Criador.

Não dizemos aos olhos não preciso de vós,
Se não os temos - sofremos na escuridão
Com o amor assim é - ele faz parte de nós!







quinta-feira, 26 de outubro de 2017

CHENONCEAU: ESPLENDOR RÉGIO

By Louis Daufour - To Mauro Martins Santos - Posted: 24 Oct 2017
























Realidade ou conto de fadas? 
Ter-se-ia o direito de hesitar, considerando a harmonia, a leveza, a suprema distinção deste castelo, construído sobre águas de uma serenidade e de uma profundidade dignas de lhe servirem de espelho. 
Dir-se-ia até que esta inimaginável fachada foi feita para ser vista principalmente em seu reflexo nas águas límpidas sobre que paira.
Trata-se de uma realidade, sim, mas de uma realidade feérica, nascida do gênio francês. 
É o castelo de Chenonceaux, construído no século XVI.

Distingue-o uma harmoniosa interpenetração de força e de graça, de simetria e fantasia, bem típica da alma francesa. 

A fotografia põe diante de nós três elementos diversos: um corpo de edifício longo e uniforme, que termina pela junção em outro bastante diverso, flanqueado de pequenos torreões. 
Por fim, à direita do leitor, uma pesada torre.































O corpo do edifício repousa sobre cinco arcos, de que lhe vem sua leveza. 

Para evitar o que as pilastras dos arcos teriam de muito pesado, cada uma é encimada por uma saliência à maneira de torreão, aligeirada por uma grande janela. 
Sobre o torreão, outra janela no pavimento superior, que parece terminar-se graciosamente no óculo ornamental quase risonho da mansarda. 
Pilastra, torreão, janela do segundo pavimento, óculo da mansarda constituem uma só linha que se reflete inteira na profundidade da água, conferindo uma como que continuidade entre o edifício e seu reflexo. 

Tal como a forma nobre e harmônica dos arcos também lucra em completar-se em seu próprio reflexo. 
E estes dois elementos asseguram vigorosamente a continuidade estética entre o castelo real imerso no ar diáfano, e o castelo irreal “imerso” no Cher. 

Os cinco arcos correspondem a cinco partes da fachada, que se repetem uma à outra. 
A harmonia é perfeita. Tão prefeita que tocaria às raias da monotonia se o que ela tem de profundamente plácido não fosse harmonicamente compensado e realçado por um contraste.

Com efeito, mais maciço em sua base, na quadratura monumental de seu vulto, algum tanto guerreiro na altaneria de suas torres, pronto para a ação e para a luta como a outra parte sobre o rio parece estar pronta para as festas e a paz, ergue-se o segundo corpo de edifício. 
Considerado em si mesmo, também apresenta o contraste harmônico entre força e graça. 

O extremo da força é a base, na parte compacta que vai do rio ao começo dos torreões.

O primeiro e segundo pavimentos são mais leves, com suas grandes janelas e a poesia de suas torres.

As mansardas e o teto são de uma louçania, uma diversidade, uma beleza quase musical.

E à esquerda, lembrança grave e venerável de outras eras, heroica,
legendária, 


banhada em uma atmosfera lendária, está a velha torre, simbolizando a solidez das tradições que são a alma de Chenonceaux. 
Esta torre e a parte do castelo sustentada pelos arcos são absolutamente heterogêneas.
Mas a parte central forma entre elas uma tão suave transição, que tudo se liga num agradável conjunto.

Não é difícil imaginar o que seria a vida neste castelo, em seus séculos de glória, por exemplo nas noites quentes e plácidas, com todas as luzes acesas refletindo-se sobre o rio, e as músicas evolando-se pelas janelas abertas, para se perderem entre as flores dos parques ou na superfície docemente móvel das águas…

* * *

Século XVI, século complexo, em que o neopaganismo, que culminou no século XX com a crise apocalíptica presente, já começava a se mostrar.
Seria interessante organizar-se um álbum com as fotografias de tantas das residências de servidores de castelo, que ainda se conservam. Serviriam para pulverizar a legenda.
Eis aí, em nosso segundo clichê, um vestígio de construções destas, no próprio Chenonceaux. Era destinado a guardas.
Um mimo de graça campestre, de aconchego, de harmonia despretensiosa, de pitoresco autêntico, bem adequado a proteger calidamente ao longo do inverno contra as intempéries, com suas três chaminés.

E formando um todo deliciosamente harmônico com a natureza em festa na primavera.

É um pequeno aspecto da vida rural de outrora, que a civilização cristã soubera tornar tão forte, tão plácida, tão estável e tão inocente.

domingo, 22 de outubro de 2017

NEVE DAS NOITES FRIAS


























NEVE DAS NOITES FRIAS

Os cabelos embranqueceram,
Imitando neve das noites frias;
As ilusões nos abandonaram...
Filhos se foram indo, dia a dia.

O lar de pequeno, casarão virou,
Como se fosse de abandonados.
O filho caçula também se casou,
A filha primeira, já tinha casado. 

Então passei a escrever poesia,
Algo quase sempre se aproveita...
Vale para afugentar a nostalgia.

Meu forte, amigos, acredito ser:
Alinhavar ditames e pensamentos,
Pedindo a Deus saúde pra escrever!

SINTO... [Poema revisto e atualizado]

*Os créditos das imagens ilustrativas dessa peça literária, são devidos às incríveis
esculturas realistas, com inspiração renascentista, da artista plástica e escultora 
chinesa,  Luo Li Rong.
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POEMA
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SINTO...

Sou um poeta guardião de um portal, em vigília,
Não é uma miragem, nem quimeras que predito,
Eis o que sinto: num céu azul o flanar duma ave,
Aponta que tu existes de alguma forma, acredito,
De modo que subsiste em algum ponto tão suave
No âmago de minha alma o sonho vale o Infinito.

Se existires e existes, um dia há de vir e tu virás,
Ainda que  translúcida, tão etérea para ser vista
Pela magnitude da espera tua presença marcarás.
Porque há anos a venho aguardando e tu não vens...
Todo dia depositado tenho meu amor acumulado,
Todo ele a te entregar aqui e muito mais no além.


































Tenho ordens do coração para dar-te todo o meu amor,
Nada para mim, tudo para ti e que o retorno seja assim:
Não das lágrimas derramadas, mas todo euforia e calor.
Não está mais em meu controle, o querer-te e te desejar;
Tua mão segura pela minha, sentir-lhe o pulsar em mim.
Teu corpo de inegável segredo tenho desejo de abraçar.

Se um dia vieres, será como direto fosse o Sol olhar...?
Não sejas apenas a brisa das primaveras perfumadas!
Que tu sejas eterna, não como eu,  mero ser temporal,
Possas eternizar todos os momentos e horas adoradas, 
Envelheço rumo ao Zenith desconhecido e paradoxal...
Acontecimento humano só meu, eternamente a passar.

Cavalgando nuvens, tangendo estrelas, sobrevoas o mar.
Fales comigo, quero ouvir tua voz a meu espírito aplacar...
Antes que me vá, ouvir-te cantar a velha canção medieval,
Reverter o tempo, deter os anos, a realidade paralela criar
Um certo tipo de mágica viagem, um paradoxo temporal
A iludir fantasticamente desenganos, e a sangria estancar .

Não importa que me desfaleça a razão, continuo sonhando,
Revigorando a alma, porque estou no âmago renascendo.
Visão de outras forças, outros quadrantes e outros céus,
A fluir esse ir e seguir no aparente  trasladar continuando
A restaurar perdida essência de um vir no Tempo revendo
Os voláteis cabelos, raios de fogo e sol nos ventos e véus.

Não quero sonho adulto, que todo almejar é feito de pranto 
O tempo tudo desfaz, nunca refaz; disso o revés se compraz.
Quero sonho de criança: a utopia é todo o amor, no entanto
Com algo se faz um trem de latas de sardinha,  feliz e capaz,
Realidade, certeza, fantasia, tudo verdade ou de conta se faz:
Na curvatura dos milênios sem fim, a existência do encanto.

Diluir-nos-emos em átomos de luz e seguiremos na velocidade
Do esplendor que foi: pensamentos eflúvios ou remanescentes
Ao infinito. Sem a limitação do plano, para a profunda Verdade
Tempo-espaço, que balizara o que foi outrora - corpo ou mente
Neste vórtice da existência pura dos Sentidos para a Eternidade,
Desejo partir no trem de latas dos sonhos descritos entrementes!

























GRATO

HOMENAGEM DA COORDENAÇÃO DO PEAPAZ [ SÍLVIA MOTA - FUNDADORA E MARIA IRACI , ADMINISTRADORA] AO POEMA "SINTO...", EM EPÍGRAFE.  MEU ABRAÇO SINCERO DE CONFRATERNIZAÇÃO LITERÁRIA.