De: ZGUIOTTO
Para : santos.mauro@yahoo.com.br
Domingo, 29 de outubro de 2017
Mário Quintana
“Tu deviens responsable pour toujours de ce que tu as apprivoisé"
"O Pequeno Príncipe", inédita tradução de Mario Quintana
"O Pequeno Príncipe", inédita tradução de Mario Quintana
Inédita há quase sete décadas, tradução de Mario Quintana
para "O Pequeno Príncipe" é publicada Dulce Helfer / Divulgação Obra
do poeta gaúcho ficou esquecida na gaveta até editora descobri-la entre outros
papéis. Depois de quase sete décadas engavetada, a versão de Mario Quintana para
um dos clássicos da literatura infantil universal poderá ser finalmente
conhecida. Acaba de chegar às livrarias a tradução de O Pequeno Príncipe, de
Saint-Exupéry (1900 – 1944), assinada pelo poeta gaúcho.
O texto deve ter sido
preparado por Quintana entre o final dos anos 1940 e início dos 1950, época em
que a Gallimard, editora do volume original em francês, esteve aberta a
propostas de publicadores brasileiros.
A Melhoramentos, que contava com Quintana
no seu time de tradutores, entrou no páreo, mas quem levou a melhor nas
negociações foi a Agir, que lançou o sucesso editorial em 1952. Foi assim que o
Brasil conheceu a tradução de Dom Marcos Barbosa. Já a de Quintana ficou
inédita até agora. – A tradução de Quintana ficou guardada, esquecida. Nos anos
1980, os editores da Melhoramentos resolveram fazer uma faxina na empresa, aí
descobriram essa versão do Quintana entre outros papéis.
Mas foi preciso
esperar mais 30 anos, até que a obra entrasse em domínio público, para que
finalmente fosse publicada – explica o poeta Armindo Trevisan, amigo de
Quintana e responsável pelo prefácio, notas de rodapé e glossário do volume.
O clássico entrou em domínio público em 2015, no entanto a Melhoramentos
segurou a publicação até agora para não competir com a avalanche de edições que
chegaram ao mercado.
De lá para cá, quase uma dezena de editoras passaram a
trabalhar a obra, com traduções de nomes conhecidos na literatura brasileira,
como Frei Betto (pela Geração Editorial) e Ferreira Gullar (Agir). Trevisan não
gosta de comparações entre tradutores, mas afirma que o poeta gaúcho encontra
soluções mais criativas para alguns trechos do livro: – Pela agilidade do
fraseado, pela melodia e pela naturalidade com que o livro flui, temos a
impressão de estar lendo um texto transparente, com um estilo muito
parecido com o do próprio Saint-Exupéry.
Muito conhecida na tradução de
Dom Marcos, a frase "tu te tornas eternamente responsável por aquilo que
cativas", foi reescrita por Quintana como "És responsável, para
sempre, pelo que domesticaste". Para Trevisan, trata-se de uma tradução
correta, mas que deixa de lado o encantamento do verbo "domesticar",
da frase original em francês: “/ Divulgação Para
muitos leitores, a faceta de tradutor de Quintana é desconhecida, mas foi a
principal fonte de sustento do autor por mais de 20 anos. Entre 1934 e 1955,
trabalhou para a editora Globo, traduzindo Proust, Balzac, Voltaire, Graham
Greene, entre outros. – Há muitas anedotas acerca da vida de tradutor de Quintana,
mas a verdade é que era um perfeccionista, dedicado ao trabalho. Falava
fluentemente francês e espanhol, mas chegou a traduzir também do inglês,
aprendendo a partir do dicionário. Tinha o gênio do poeta para dar correção e
musicalidade ao que traduzia – avalia Trevisan. Três olhares “Tu deviens responsable pour toujours de ce que tu as apprivoisé (domar, domesticar)” Representava uma jiboia que digeria um
elefante. Desenhei o interior da cobra para que os adultos pudessem
compreender. Eles estão sempre querendo explicações." Tradução de Mario
Quintana "O meu desenho não era nenhum chapéu. Era o desenho de uma boa
digerindo um elefante. Mas como os grandes não podiam compreendê-lo, eu fiz um
outro desenho: desenhei o interior da boa, de modo que eles pudessem ver
claramente. Os grandes sempre precisam que a gente lhes explique as
coisas." __________________________________________________________
REPORTAGEM POR: Alexandre Lucchese 29/10/2017 -
14h21minAtualizada em 29/10/2017 Fonte:
https://gauchazh.clicrbs.com.br/cultura-e-lazer/livros/noticia/2017/10/inedita-ha-quase-sete-decadas-traducao-de-mario-quintana-para-o-pequeno-principe-e-publicada-cj9crpq9h02rq01pjw3hwpnxm.html