CHUVA ATEMPORAL
Gotejam lá
fora gotas numa lata
Os trovões
ribombam distantes...
No condutor
o rumor de uma cascata
Menino, eu dormia
feliz num instante.
Imaginando
meu telhado protetor
Meu colchão
simples, mas confortante,
Hoje - menino
já velho - cheio de dor...
Os segundos
a tiquetaquear,
Penso lá
fora, no chão sem cobertor,
Doentes,
velhos e crianças a chorar...
Já são
altas horas, retiro a lata da goteira
Para não
ouvir o som que era de saudade,
Parecendo
dar à miséria uma eira ou beira;
Somos todos
cegos esta é a pura verdade...
Ribombar de
trovões distantes ora tristes são,
O telhado
já não me protege das gotas frias
Que caem lá
fora em meu exposto coração...
Tempus
fugit, e todos ficamos nesta apatia.
Não podemos
sair a esmo pela noite afora,
A noite é o
logro de um poema feito a sós
Não, a
selva se alimenta de sangue agora,
Há angustia
no Tempo que cala nossa voz...
Soma dos infindáveis
minutos e horas feridas.
Para dormir
só o acalanto de outros mundos
Nos agregará
o fluir da paz para nossas vidas!
Nenhum comentário:
Postar um comentário