quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

O CASTELO DE FRENTE PARA MIM



O Castelo de frente para mim...
Numa sala o acervo do rei: aluvião de ilusões
Ao construir meu castelo a sala pareceu-me imensa
Ora se apresenta mínima para tantas e decepções.
Construí torres contra os ataques da vida insana,
Das janelas das altas torres assistia aos pores do sol,
Ao tempo que via entre nuvens vossa imagem diáfana
Mais fácil preservar em luta renhida muralhas acossadas
Por exércitos de bárbaros, nórdicos ou romanos,
Do que da infidelidade os tropeços e enganos
Dos mistérios de uma alma de todo encouraçada
Enaltecidos e declarados sentimentos a ti Ivana,
Meu coração encontra vossas muralhas fechadas
Em distanciamento falseado como de paixão insana.
Perfídias na trilha dos sonhos, em busca de tua lealdade,
Somam-se ao empoeirado acervo das desilusões,

Ouvindo na capela o sábio e velho abade:
- Majestade, as atitudes ofensivas que beiram a leviandade,
Tudo se assemelha à alma de uma alteza de coração vazio,
Vais aumentar teu já diverso e grande acervo de perdidas ilusões
Alteza, Ivana desdeixa seu principado a cuidados tardios.
Majestade não deixais cair vossa autoridade em decepções,
Viverei no reino só mais um pouco,  e neste Castelo um nada,
Observo o Tempo correr e as brumas caminham para o vazio
Sons de cantos gregorianos são o acolchoado de minhas noites
Carece meu coração de vos falar antes que o saber seja tardio,
Nas brumas de minhas derradeiras visões vejo o vosso povo,
Ignoram a individualidade de vossa paixão e gemem de frio e dor...
Antes que me vá, reflita com firmeza nos propósitos de vosso reino,
Falo-vos essas coisas pelos procedimentos de Sua Alteza Ivana,
Em miséria deixou seu povo; e só por cobiça não vos dedica amor.


Aguarde meu bom rei, um verdadeiro amor de terras distantes,
Sem os sentimentos abjetos de Ivana, que embora linda é uma tirana,
Abra as arcadas do torreão do Castelo e ouça os louvores incessantes,
Do povo que te ama e respeita, não decaias, receba do povo o clamor!

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