quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

PÓ TORNA AO CHÃO, AREIA AO DESERTO



PÓ TORNA AO CHÃO, AREIA AO DESERTO

Buscaste em além-mar - já fatigado,
Pela vã procura a florir no peito teu,
Comportando tal vazio desalentado
Um algo de superior, talvez um deus...

Em cada cais, pela Terra espalhado,
Dor que se assemelha ao meu pesar,
Na esperança de veres um ser alado,
Longe da verdade - vives a esperar!

Pó torna ao chão, areia ao deserto;
Cantaste ao amor esse teu lamento,
Declamas sozinho teu poema incerto
Chegaste a navegar em mar violento.

Guia-te na rota de teu navegar
O verde crispar das ondas da ironia:
O capitão ao mar não quer retornar
Por não mais crer no que sempre cria...

Não crer no que fazes é o alvo errar;
É não ter esperança no Amor que recebeste.
Abras as portas de teu coração para o Mestre
Não além-mar, mas para dentro de si o encontrar!

[M.MARTINS SANTOS]


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